Toda
aventura começa com um sonho. Posso dizer que minhas aventuras ao lalo dos meus
filhos, foram recheadas de sonhos. Vivemos até onde foi possível e sonhamos até ao infinito. Era sagrado todos os domingos de manhã, irmos para a minha mãe em
Rubião Junior, distrito de Botucatu SP, passar o dia com ela.
A
maior alegria era sair para as caminhadas com os meus dois filhos: Eduardo Ju e
Dani, pelas trilhas entre as árvores nativas a beira do riacho. Vale lembrar,
que os meus filhos; o Ju tinha 8 anos e a Dani tinha 4 anos de idade. Eu nem
sonhava em estudar filosofia e muito menos ser professor, mas, algo fazia eco
nos meus passeios peripatético aos domingos. Havia um conhecimento empírico,
nas caminhadas com os filhos.
Eramos
peripatéticos e não fazia a menor ideia da existência dessa palavra e muito
menos do seu significado. Só tomei contato com a palavra no curso de filosofia.
No entanto, a escola peripatética foi um círculo filosófico na Grécia Antiga,
que basicamente seguia os ensinamentos de Aristóteles (384-322 a.C.), que abriu
a primeira escola filosófica no Liceu em Atenas. De modo que, “peripatético”
é a palavra grega para “ambulante” ou “itinerante”. Peripatéticos
eram os discípulos de Aristóteles, em razão do hábito do filósofo ensinar ao ar
livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob as árvores do bosque
que cercavam o Liceu.
Entretanto,
numa dessas caminhadas peripatéticas, com os meus filhos, deparamos com uma
árvore gigante e com uma casa de João de Barro em um dos galhos no alto.
Expliquei ao meu filho que se tratava de uma araucária ou pinheiro, cujo nome
científico é: “Araucária Angustifólia”. É uma árvore símbolo das matas
do Paraná. A araucária é representada no brasão da bandeira paranaense, com um
lindo galho do pinheiro, ou araucária.
Infelizmente
esta árvore está acabando, porque a gralha-azul está em extinção e ela responde
por mais da metade do plantio da araucária no estado do Paraná. Por obra da
natureza a gralha-azul recolhe o fruto da pinha, come o que lhe basta e
armazena a sobra para o verão. Ou seja, guarda os frutos enterrando-os em
terreno favorável, após fazer com o bico, inconscientemente, um trabalho de
escarificação da semente, favorecendo ainda mais o germinar.
Como
a gralha-azul geralmente armazena mais do que pode comer ou como acreditam os
pesquisadores, ela esquece onde enterrou os pinhões que acabam germinando e
nascendo outra árvore gigante. São novos pinheiros saindo para a vida, para
compensar e enfeitar à natureza. Dar sentido a vida é isso. É compreender as razões
lógicas da natureza. No entanto, a beleza que vemos está além da nossa
compreensão. E quando a compreendemos enaltecemos o que é belo.
Portanto,
procurei passar para os meus filhos, através das nossas caminhadas
peripatéticas pela natureza, o gosto e o prazer pela vida. Aprendemos que a
natureza dá a cada época e estação, algumas belezas peculiares; e da manhã até
a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que uma sucessão de mudanças tão
gentis e suaves, que quase não conseguimos perceber os seus progressos.
Aprendemos também, que quando as abelhas, borboletas e
beija-flores colhem o néctar, os grãos de pólen ficam em seu corpo.
Desse modo, o pólen contém células reprodutoras masculinas da planta. Pousando
em outra flor, esses insetos deixam cair o pólen na parte feminina da
planta. De modo que, conectar-se com a natureza é entrar em contato com o nosso
“Eu superior”, é se aproximar da ligação com a nossa essência e sentir a
energia da mãe Terra.
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