Num dos ensaios de Arthur Schopenhauer (1788-1860),
que foi traduzidos para o livro “A Arte de Escrever. Trata-se de um livro rico,
pronto para trazer novos conceitos e novas visões sobre a escrita. Como não
amar alguém que diz: “Só se dedicará a um
assunto com toda a seriedade alguém que esteja envolvido de modo imediato e que
se ocupe dele com amor”? Porém, em quase todo o livro há citações
importantes e histórias que nos levam a compreender melhor o mundo que
circundou a escrita há séculos, mas não podemos negar que Arthur Schopenhauer é
severo em suas concepções.
Para ele, é ingênuo pensar que o simples ato de
leitura de grandes obras e autores poderia nos levar a ter a mesma riqueza
literária que estes autores. Mas, aqui vale um questionamento: “essa leitura não nos aproximaria de um
aperfeiçoamento da escrita”? Não alcançaríamos a graça, a ousadia, a
riqueza de expressão ou até mesmo a capacidade de persuasão e de concisão com
leituras que não fossem apenas de eruditos? Inclusive estes mesmos
autores são postos em xeque por Schopenhauer.
Segundo Schopenhauer, de tanto lerem, os
eruditos ficaram burros. Isso porque para ele, “a nossa cabeça é, durante a leitura, apenas uma arena de pensamentos
alheios” e continua: “quando lemos,
outra pessoa pensa por nós”. Mas, não seria exatamente esse esvaziar-se de
si mesmo para viver outras realidades, ou seja, a riqueza dos melhores
aprendizados? Não seria justamente nesse momento, quando vivemos a história de
outrem, quando nos deixamos sentir outros lugares, outras vidas, quando nos
colocamos no lugar do outro, que percebemos e apreendemos outro olhar?
No entanto, nos seis capítulos do livro, o cético
filósofo e autor alemão Schopenhauer, que chegou influenciar Freud em
seus estudos psicanalíticos, critica a liberdade de imprensa que, ao seu ver,
permite o anonimato e o uso de pseudônimos (ele não viveu a ditadura), trata da
prolixidade nos textos e do entrelaçamento de palavras, que não valem o esforço
da leitura e fala também do contrário, da concisão que pode sacrificar a
clareza e, muitas vezes, até a gramática.
Ao ler “A Arte de Escrever” é preciso levar em conta
que Arthur Schopenhauer tem a dureza dos que querem preservar sua língua
pátria, no caso a alemã, a todo custo. Porém, ao terminar de ler a obra do “Cavaleiro Solitário” senti que sou mais
leitor e mais escritor ainda. Sem dúvida, trata-se de uma leitura muito útil
para quem deseja se aperfeiçoar na arte da comunicação escrita. De modo que,
para o filósofo alemão Schopenhauer, conclui seu raciocínio classificando os
escritores em três modalidades:
Em primeiro lugar estão aqueles que escrevem sem
pensar e sem planejar. Escrevem a partir da memória, das reminiscências, ou
mesmo diretamente dos livros dos outros, em função do assunto (pensamento e
experiências). Esta classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, vêm aqueles que
pensam enquanto escrevem. Ou seja, pensam escrevendo. São muito vulgares porque
escrevem por escrever ou para informar sobre algo (por dinheiro). Em terceiro
lugar, temos aqueles que pensaram antes de começar a escrever. Escrevem
simplesmente porque pensaram e planejaram seus ensaios. Sendo esse último o
mais raro e o mais valioso dos escritores.
Portanto, são poucos os escritores que pensam
seriamente antes de começar a escrever. A maioria pensa simplesmente em
acumular o maior número possível de livros publicados, sobre qualquer assunto.
Necessitam do estímulo e ideias produzidas por outras pessoas para conseguirem
pensar. São temas imediatos, desse modo, ficam constantemente sob a influência
e, consequentemente, nunca alcançaram a verdadeira originalidade dos seus
escritos. Contudo, aprendi muito sobre a arte da comunicação escrita e o estilo
literário a ser seguido. Neste livro o filósofo alemão sutilmente faz uma
denuncia, mostrando um dos mais recorrentes subterfúgios de escritores e
pensadores, que é rebuscar o texto para fazê-lo aparentar ter estilo e
conteúdo.
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