No
ocidente, a noção moderna de amor romântico conceitua uma sensação mágica,
incomparável. Geralmente, ele é descrito como um encontro de almas que acontece
por pura sorte, talvez por predestinação, que responde às angústias e aos
desejos mais básicos da vida. Mas, foi em 1997, o psicólogo social Arthur Aron
(1945), da Universidade Estadual de Nova York, desenvolveu e publicou um estudo
em que afirmou ser possível fazer com que duas pessoas desconhecidas se
apaixonassem uma pela outra em poucas horas. Ele mesmo teria atingido
resultados positivos em laboratório. A técnica era relativamente simples.
Aron
desenvolveu 36 perguntas que o casal deveriam responder um para o outro. No fim
do questionário, os dois deveriam se encarar em silêncio por quatro minutos
contados no relógio. Até ambos colocar para fora o que sente ou dizer: “aqui está o amor da minha vida”. Segundo
ele isto é paixão enlatada. Sendo que as 36 perguntas são simples, mas obrigam
o casal a se exporem emocionalmente e pessoalmente. Vão desde: “se você pudesse jantar com qualquer pessoa
do mundo, quem seria?” Até: “qual o
papel do amor e do afeto na sua vida?” O casal é induzido a sentir algo
pelo outro. Pois, ambos estão vulneráveis.
Entretanto,
o estudo conduzido por Aron é baseado na ideia de que demonstrar
vulnerabilidades mútuas é capaz de cultivar proximidade e intimidade. O
pesquisador identificou um padrão na construção de relacionamentos amorosos
estáveis como: “transparência, entrega e
sinceridade constantes, crescentes, recíprocas e pessoais”. A lista de
perguntas desenvolvida por ele tem como objetivo conduzir essa troca.
No
entanto, todos nós temos uma narrativa sobre nós mesmos que apresentamos para
os outros, mas as perguntas do psicólogo Aron fazem com que seja impossível
usar essa narrativa. A proposta ganhou manchetes em 2015, quando o jornal “The New York Times” publicou o texto de
uma colunista, Mandy Len Catron, que disse ter se apaixonado por alguém usando
a lista de perguntas em um encontro.
Portanto,
com o depoimento desta colunista, voltaram ao debate os questionamentos em
torno da ideia de amor romântico. Se vulnerabilidade mútua pode levar à paixão,
onde fica a ideia de uma alma gêmea? Na desconstrução do conceito de amor ideal
ao qual os agarramos culturalmente todos os dias, há a possibilidade de
entender as frustrações com a vida amorosa (ou a falta dela) e o número cada
vez mais alto de divórcios e separações nas sociedades ocidentais. Contudo, o
amor romântico idealizado se apresenta como a resposta à dúvida principal sobre
o sentido da existência. Há, fundamentalmente, a ideia de completude: “sem o outro, seremos eternamente incompletos”.
Quando perdemos o que considerávamos a outra metade, vemos que na verdade ele apenas era nosso lado lindo, onde nos dedicamos com amor, mas quem recebe nunca deu valor e ai com as magoas e as desistência também achamos melhor desistir do que nunca nos completou, só marcou sua presença quando queria. E ai de repente se descobre que a nossa metade nunca existiu, temos que sermos inteiros, para podermos enxergar o outro.
ResponderExcluirOlá Sr Eduardo, preferia o primeiro texto, mais sensível e claro, agora achei muito frio...que pena as mudanças feitas..
ResponderExcluir