Um coração que cativa é aquele que desperta na gente o prazer da
presença. Só vamos aprender o gosto pela vida, no encontro com o outro. Tanto
homens como mulheres, estão se esquecendo de que as relações humanas precisam
ser nutridas e adubadas. A saúde do ser humano e da sociedade está estritamente
ligada a uma situação feliz dos casais e dos familiares. Conhecer para melhor
amar. Porém, é com a mulher que o homem vai aprender a contornar situações. É
com a mulher que o homem vai encontrar sua identidade masculina. A natureza
sabe fazer isto muito bem através da sensualidade dos rios, por isso o rio é acolhido,
vai serpenteando pelos verdes campos, contornando as montanhas espalhando vida
em abundância por onde passa. De modo que o homem age no ímpio e na força,
porém, a mulher é mais suave e cativante no coração. É o homem que precisa
entrar no mundo da mulher. Para perceber
a docilidade de um coração cativante. Naturalmente é o que faz a natureza com o
rio.
Precisamos aprender com a mulher a contemplar uma flor. Se você
quer aprender a ser feliz, faça aquilo que a flor faz. A flor transforma o mais
árido terreno numa sensibilidade que nos impressiona. Ao olharmos a delicadeza
de uma pétala de flor, não da para imaginar que veio da terra, tamanha é sua
beleza e doçura. Como a flor consegue transformar o adubo que é azedo em
pétalas doce? Tão doce que as abelhas colhem a necta da flor para fazer o mel.
Tudo isso sem falar do perfume da flor. Quanto mais esterco colocar no pé da
flor mais perfumada ela fica. Talvez seja por isso que a flor é usada para
enfeitar o altar, as festas e até o velório. A flor traz na sua essência essa
simbologia. Se não aprender o que a flor nos ensina, não sentimos a vida pulsar.
As flores têm semente de flor, os amantes têm semente da divindade. Cada flor é
única, foi o tempo que perdeste com tua flor que a fez ser tão importante. Se
tu me cativas, será para mim a única no mundo. Como afirma o escritor francês
Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) no seu livro Pequeno Príncipe: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo
que cativas”.
O que é cativar? É aquele momento em que meu coração se abre e
recolhe você inteirinha com suas qualidades e seus defeitos, com seu passado e
seu presente. Prende você dentro do meu coração e o torna livre para amar. É
descobrir os meus valores e os valores do outro é entrar no mundo do outro é
sair do seu mundinho fechado. Mundo das aparências. Agora compreendo, tenho uma
flor e acho que ela me cativou. Porque torna-se eternamente responsável por
aquilo que cativas. O sacramento do amor é a arte de ensinar os amantes a
transformar nó em laços. O amor faz transformar qualquer nó num laço. É preciso
criar laços, referenciais de amor. Criar rituais para que o nosso mundo seja
único. Na multidão poderás encontrar pessoas até mais bonitas, porém, você é
única para mim, isto é criar laços afetivos. Porém, só enxergamos bem com o
coração, o essencial é invisível aos olhos. De modo que, cativar é preservar e
nunca desistir.
Portanto, não vou desistir de mim e tampouco mudar minha essência.
Sei cativar as pessoas porque conheço o meu valor que me custou chegar até
aqui. Passei por caminhos escuros, até encontrar a luz. Mostraram-me tantas
mentiras, mas continuei verdadeiro na minha missão de cativar corações. Sofri a
covardia de quem se achava valente e dizia amar, mas continuei firme no meu
propósito de vencer o medo. Abandonaram-me e sozinho consegui me encontrar. Para
algumas pessoas fui o fruto da maldade, e mesmo assim, continuei na bondade. Só
queria viver e ser feliz. Apresentaram-me a dor e aprendi a ser flor. Tinha uma
missão. Apresentaram-me o desamor e aprendi que só o amor vence a solidão.
Contudo, quero viver num paraíso onde o mundo é um só sorriso, onde a paz é sem
fronteiras, onde o amor é sem barreiras, cavalgar pela relva espalhando o pólen
da flor, navegar nas ondas do amor. Há! se o mundo compreendesse, que o amor
cultiva a paz, talvez esse mundo não seria desta maneira e as guerras não
existiriam mais. Minha bela flor, o bastante é ser feliz. Como diz a música de
Nelson Cavaquinho e Jair Costa, Eu e as
Flores: “quando eu passo perto das flores quase elas dizem assim: vai que
amanhã enfeitarei o seu fim”
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