Vivemos
uma grande transformação de costumes, a começar pela liberdade de ser e de se
exprimir. Novos paradigmas estão surgindo, como a espiritualidade, o
autoconhecimento, o afeto e o prazer pela vida. Somente nos últimos trinta
anos, começamos a aceitar a nossa sexualidade, assim como aceitamos com mais
naturalidade a ideia do envelhecimento. Quero indicar aqui aspectos que
configuram o processo de envelhecimento na sociedade atual. Alguns estudos vêm
mostrando que a idade cronológica não é a única forma de mensurar o processo de
envelhecimento, sendo este uma interação de fatores complexos que apresentam
uma influência variável sobre o indivíduo e que podem contribuir para a
variação das intempéries da passagem do tempo. De modo que, biologicamente, os
eventos ocorrem ao longo de certo período, mas não necessariamente o tempo é a
causa destes eventos.
Naturalmente,
percebe-se uma proliferação dos termos utilizados para se referir às pessoas
que já viveram mais tempo, ou seja, aquela fase da vida chamada apenas de
velhice. Entre os termos mais comuns estão: “a terceira idade, melhor idade, adulto maduro, idoso, velho,
meia-idade, maturidade, idade maior e idade madura”. Há um grupo de pessoas
mais velhas que resiste a ser chamada de velhas. A palavra velho soa muito mal,
significa fora de moda, obsoleto e por aí afora. Nesta breve definição,
percebemos vários sentidos da palavra velho como algo já ultrapassado, descartado,
que não serve mais para nada. Sem falar dos termos usados para depreciar o
idoso, há também a falta de respeito para com as pessoas de idade avançada.
Diferente dos orientais que respeitam os idosos e os tratam como sinônimo de
sabedoria.
Vale
lembrar que a palavra terceira idade, atualmente tão usada, teve sua origem na
França, na década de 1960, e era utilizada para descrever a idade em que a
pessoa se aposentava. A primeira idade seria a infância, que traduziria uma
ideia de improdutividade, mas com possibilidade de crescimento e esperança. Já
a segunda idade seria a vida adulta, etapa produtiva. Na época em que a
expressão terceira idade foi criada, procurou-se garantir a atividade das
pessoas depois da aposentadoria, que ocorria na França quando as pessoas
chegavam por volta dos 45 anos. Com o avanço contínuo da esperança de vida
longa, a expressão “terceira idade” passou a designar a faixa etária
intermediária, entre a vida adulta e a velhice. Todavia, o uso do termo
terceira idade torna-se inadequado para descrever o grupo de pessoas com 60
anos ou mais, e traz ainda uma conotação negativa ao termo velhice, porque se
compreende que quem está na terceira idade ainda não é considerado velho.
Porque é uma criação recente no mundo ocidental.
Portanto,
o fenômeno do envelhecimento populacional, marcante desse século empurrou a
velhice para idades mais avançadas. De modo que, o uso de tantos termos e
expressões tem por objetivo soar bem, mascarando o preconceito e negando a
realidade. Se não houvesse preconceito, não seria necessário disfarçar nada por
meio de palavras. Contudo, o fator determinante de um alto nível de qualidade
de vida parece ser um convívio social positivo, próximo e estável. O lazer
associado a atividades físicas e mentais estão diretamente relacionadas ao
favorecimento da qualidade de vida. Além disso, o engajamento em atividades
intelectuais é apontado como fator de prevenção. Todos podem envelhecer com
qualidade, a receita é simples: cultive seus amigos e familiares, faça
atividade física regularmente, cuide da sua saúde, estimule sua memória e preze
sempre por sua felicidade e seu bem estar.
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