A
violência está em todos os segmentos sociais e se apresenta das formas mais
diversas, não só na agressão física, como também, tornou-se comum falar mal de
pessoas que supostamente dizemos querer bem, somos intolerantes com aqueles que
nos olham com admiração, negamos o direito de defesa à pessoa que sofre de
acusações espúria e maledicente. Na maioria das vezes esse tipo de violência é
maior que a mostrada pelos meios de comunicação. Surpreendentemente, ela começa
no seio da família, a nossa primeira convivência social, ela vem
sorrateiramente de forma velada e devagarzinho vai machucando e anestesiando ao
mesmo tempo em que fere. A família que teoricamente seria nosso primeiro objeto
de amor, se a gente não cuidar rapidamente dela, mais algumas décadas
seguramente será extinta. É perceptível que as famílias se amam eventualmente e
se traem sistematicamente. Fala-se de um amor em família que quase nunca se vê
na pratica.
Posso
assegurar que a história da criança e da família caminha lado a lado na questão
da violência. Para muitos ainda hoje, bater é sinônimo de educar. As grandes
guerras e as perseguições no mundo foram feitas em nome de Deus e da Pátria.
Não são as igrejas e nem os bons costumes que perseguem as pessoas. São pessoas
perseguindo pessoas. A qualquer momento alguém poderá ser denunciado ou
chantageado, assim como acusar e ser acusado. Conheço pessoas que foram vitimas
de abusos físicos e psíquicos na infância e hoje se sente indiferente a tudo e
a todos. São incapazes de estabelecer relações de amor sem ferir o outro. São
pessoas egoístas e manipuladoras. Diz-se sofrer muito por não saber dar e
receber amor e se sente impotente diante da vida. Não confiam em ninguém, no
fundo não confiam nelas mesmas.
Vivemos
cercados de inimigos, porque as pessoas se vigiam muito, se controlam muito,
fazem fofocas umas das outras. Todo mundo vive jogando os maus sentimentos e o
próprio veneno encima do outro. Sempre é o outro que não presta que faz
corrupção, outro que é o indecente, o mau caráter, o traidor, é o outro que não
me ama. As pessoas de modo geral, não percebem o que estão vendo, pois se
preocupam demais, com aquilo que não estão vendo. A história da humanidade é um
martírio e uma tortura para muitos. Até na arte é mostrado o sofrimento humano.
Uma grande porcentagem das músicas românticas refere-se ao amor como sofrência,
sobretudo, à infidelidade, e a todas as dificuldades que os costumes sociais
impõem ao amor.
Por
outro lado, temos uma geração de classes e hierarquias sociais em permanente
relação de medo e raiva umas frente às outras. Estou convencido que por trás
desse suposto amor há um ódio espantoso dominando o mundo, basta dar uma olhada
na história. A começar pelos circos romanos que foram o retrato desse ódio e
poder, onde centenas de pessoas se matavam ou eram mortas, para a diversão do
público. Pessoas divertindo-se, vendo gente matar gente, de todos os jeitos.
Hoje nós dizemos que horror! E esquecemos que os nossos políticos fazem hoje,
exatamente a mesma coisa que faziam os circos romanos. Pessoas morrendo de
todos os jeitos na arena da vida, onde a plateia são os governantes corruptos
que administram este circo chamado Brasil.
Portanto,
vivemos procurando sempre um culpado para explicar a nossa crueldade. Isto
acontece muito nas relações afetivas e amorosas. No entanto, foi assim que
nasceu o bode expiatório, a mais nefasta criação simbólica da violência humana.
Jesus Cristo foi o bode expiatório nas mãos da humanidade. Ainda hoje se prega
o amor nas comunidades religiosas, mas na prática permeia o egoísmo e a falta
desse amor e respeito ao próximo. Contudo, são estas formas refinadas de
violência que estiveram e estão presente no nosso mundo. Todos vigiando a
todos. Todos ameaçando a todos. Logo, vive cada um caçando a todos. E vivem
todos caçando a cada um. Enfim, um dos enigmas da humanidade é que a vida real
das pessoas não é flor que se cheira. Basta ler os noticiários para constatar o
que estou dizendo.
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