O Banquete é um livro que discute o amor, através dos diálogos de Platão (427-347 a.C.) atribuído a ele mesmo e não a Sócrates, seu mestre. O pano
de fundo são os sete discursos acerca do deus Eros, o deus do amor. Diz-se que
depois de muitas festas, com bebidas em excesso, resolveram dar uma trégua à
orgia e instituiu um encontro filosófico sobre o elogio ao deus Eros.
O Eros como um dos mais
antigos deuses, que surgiram depois do caos da terra. Pelo fato de ser antigo,
traz diversas fontes de bem, que é o amor de um amante. De tudo o que o ser
humano pode ter, além dos vínculos de sangue, dignidade e riquezas, nada no
mundo pode, como Eros, fazer nascer à beleza. É o Eros que insufla os homens a
grandes brios. O amor passa a ser o
amor por algo de que se carece, o que gera o desejo de se ter o que não se
possui ou de permanecer possuindo o que já se tem. Isto também se aplica a outros bens.
O amor possibilita àqueles
por quem é tocado a inspiração para a poesia, mesmo que antes este não seja
afeito às musas. Esse jovem e feliz deus dá aos homens familiaridade com tudo
quanto lhes seja próximo. É a nossa busca pela outra metade complementar o que se denomina
amor e uma vez encontrada, levaria aos amantes reconstituídos em sua quase
inteireza a um estado de extraordinária afeição, intimidade e felicidade. Buscamos por meio do amor a unidade perdida, a totalidade que se rompeu com a separação. O que fazemos, no momento da sedução, senão buscar no outro a nossa identidade?
Por sua origem bela, o amor
seria responsável pelo direcionamento dos homens ao que seja belo, podendo
então gerar belas obras, afastar-se do que seja feio e inclinar-se à honra. O amor
é um dom que emana naturalmente dos amantes, capacitando-os aos maiores
sacrifícios (mesmo capitais) por seus amados. Esses sacrifícios poderiam ser
recompensados até com a ressureição do reino de Hades. Que é o deus do mundo
inferior e dos mortos.
O amor não é um só, mas
dois, tal como há duas pessoas envolvidas. Desse modo, é belo o amor que se
direciona ao belo e leva ao amante a amar belamente. Característica do amor celestial. O amor popular é próprio aos homens vulgares,
uma vez que amam mais ao corpo, que é perecível e mutável do que a alma que é
eterna.
O amor celestial ama somente ao macho, por sua
força (quando jovem) e por sua inteligência (quando velho); ao passo que o amor
popular ama a objetos perecíveis, tais como a beleza do corpo, ou o prestígio e
fortuna do amado. O amor regrado pela decência, que é o amor celestial, gera a
produção de virtudes para os amantes, aliada a uma disciplina que os torna mais
sábios.
O amor é algo desejado, mas
este objeto do amor só pode ser desejado quando lhe falta e não quando possui,
pois ninguém deseja aquilo de que não precisa mais. Segundo Platão, o que se
ama é somente "aquilo" que não se tem. E se alguém ama a si mesmo,
ama o que não é. O "objeto" do amor sempre está ausente, mas sempre é
solicitado. A verdade é algo que está sempre mais além, sempre que pensamos
tê-la atingido, ela se escapa entre os dedos.
Portanto, podemos afirmar
que o amor é dos deuses o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a
aquisição da virtude e da felicidade entre os homens, tanto em sua vida como
após sua morte. Só os que amam sabem morrer um pelo outro.
(é uma trilogia: "O Banquete do Amor" - "Do Banquete a Cama" - "Na Cama Repousa o Amor")
(é uma trilogia: "O Banquete do Amor" - "Do Banquete a Cama" - "Na Cama Repousa o Amor")
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