Todas as pessoas querem
viver. E o pior modo de viver é guerreando. Algumas vezes a guerra é
inevitável. Mas nunca é bom. Bom mesmo é viver em paz. Nada melhor que acordar
olhar a manhã e dizer a si mesmo: “Não há nada a temer. A vida é bela”. Nada
pior do que estar na vida como um pesadelo em que a cada instante a morte
gargalha. O mais baixo dos sentimentos
humanos é o ódio. Não cria nada. Não traz felicidade, mas desgraça. Matar o
filho do outro não faz reviver o teu irmão. Apenas gera mais ódio e fúria e
mais luto em tua própria casa.
A inteligência existe para
tornar o homem melhor. Para fazê-lo compreensivo e cordato. Para que se entenda
com os outros homens. Com a inteligência distinguimos o justo do injusto. A inteligência
nos ensina. Que todos os homens têm direito a seu chão, à sua pátria e à
liberdade de governar a sua vida. Nenhuma força é capaz de
apagar a injustiça e domar o injustiçado. O caminho da paz é o entendimento,
jamais a imposição e o terror. Quem de fato desejaria um futuro de desgraças e
morticínio? Só a besta fera.
O homem sonha com um futuro
de paz e felicidade, que não nasce da violência, mas do diálogo. Todos os que
se odeiam e se matam, alegam razões para isso. E ninguém os convencerá do
contrário. Só chegarão a um acordo, quando se sentarem à mesa e disserem: “Esqueçamos
as ofensas passadas”.
(Esse poema foi escrito em
2003 por Ferreira Gullar (1930), um dos maiores poetas brasileiros de todos os
tempos, Ferreira Gullar, hoje está com 84 anos, foi militante do Partido
Comunista Brasileiro e, exilado pela ditadura militar, viveu na União Soviética,
no Chile e na Argentina. Desiludiu-se do socialismo em todas as suas formas e
hoje acha o capitalismo “invencível”. Em dez mil anos de história nunca tivemos
um ano de paz na terra, é um ódio espantoso, um querendo destruir o outro, de
maneira sórdida e covarde. Neste poema Ferreira Gullar faz menção a Israel e
Palestina. Dois estado para dois povos que se odeiam).
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