Inicio essa reflexão com uma
frase do meu mestre, filósofo e educador Régis de Morais (1940): “o amor é um
rico encontro humano cuja duração não se deve ser discutida”. Esse sentimento
rico que se traz para uma união é posto sob o teste do convívio cotidiano e,
aquelas pessoas que não puderam aprender a respeitar a plenitude do ser humano,
podem provocar a implosão da substância do amor. No entanto, o amor pensado
numa relação eu-tu, não está só no eu nem só no tu; está em sua maior parte no entre,
está na arte que duas pessoas precisam conquistar de um relacionamento feito de
compreensão e generosidade.
Entretanto, se alguém
perguntar a quem está amando, por que ama aquela determinada pessoa a qual
dedica seu sentimento, e a pessoa que estiver amando souber explicar por que,
este pode ter certeza de que está vivendo uma ilusão. Não conhece o amor. Não
se ama alguém por razões lógicas, por ser moreno ou claro, gordo ou magro.
Simplesmente e de uma forma espantosa, olha-se para uma pessoa e se tem certeza
de que vai precisar da companhia dela. A sua presença mexe com a mente, com o
coração e com a sexualidade de quem a olhou. Entra em ação uma energia
misteriosa que vem de regiões profundas do nosso eu cósmico, que nós mesmos não
conhecemos. Quando se começa um relacionamento amoroso, experimenta-se uma
certa sensação de medo e terror, como se forças desconhecidas e que escapam
nosso controle nos ameaçassem.
Todavia, há perfeita razão
para esse medo, pois, se o amor encontra condições favoráveis de
enriquecimento, ele se cumpre de uma forma boa e que gradativamente nos conduz
à autorrealização; mas, se ele encontra obstáculos e condições agressivas, pode
encapelar-se em paixão doentia, levar a desesperos que apresentam até risco de
conduzirem à autodestruição. É uma relação marcada pela insegurança.
Embora muito já se dissesse
que é preciso saber aceitar as pessoas tal como elas são. Mas é preciso
estar-se atento para que aceitar alguém como é não significa torna-se cúmplice
dos seus vícios e fraquezas. Trata-se de compreender as razões pelas quais a
fazem ser como é (possessivas, autoritárias, inseguras, etc.), nunca, porém
deixando de convidá-la a examinar a possibilidade de corrigir seus defeitos.
Isto exige muito equilíbrio, pois, pode-se cair no oposto de pensar que uma
pessoa só é boa e está certa quando seu pensar e o seu agir batem cem por cento
com o nosso. Quem garante que estamos certo?
Portanto, o amor é um
sentimento singular e maravilhoso, que acontece entre os humanos, não entre
anjos. O que é preciso é uma enorme vigilância para não se confundir liberação
amorosa sexual com aceitação vulgar da condição de produto descartável. O amor
transcende a todo entendimento racional, transcendendo, portanto tudo que
dissemos. É o sentimento mais alto do ser humano e, como disse o poeta Vinícius
de Moraes (1913-1980): “Que não seja imortal posto que é chama, mas que seja
infinito enquanto dure”.
Eduardo, concordo plenamente: No entanto, o amor pensado numa relação eu-tu, não está só no eu nem só no tu; está em sua maior parte no entre, está na arte que duas pessoas precisam conquistar de um relacionamento feito de compreensão e generosidade.
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