Os
estudos comprovam a cada ano através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
que mais de um milhão de jovens, com idade entre 12 e 17 anos, não sabem ler e
nem escrever. Conseqüentemente esse agravante tem como base às leis que
asseguram, através da Constituição Federal, o direito a todos os cidadãos ao
estudo, mas estas leis não são capazes de garantir uma política educacional
eficiente, com escola de qualidade para qual o jovem se sinta atraído.
Os indicadores
são mais que suficiente para mostrar o descaso pela educação no país. A
desvalorização ética e a falta de respeito para com o professor.
Principalmente, o descaso do estado em relação ao salário e condições de
trabalho desses profissionais.
Temos acumulado reproduções de modelos, e os mesmos nos têm
afastado, historicamente da realidade, anulando potencialmente o
desenvolvimento da capacidade de criar dos nossos jovens.
É
importante que os professores entendam os desafios da educação, que não são os
mesmos dos governos, que visam à manutenção do poder. Em vez de ficarem
discutindo com a direção da escola sobre a disciplina dos alunos, os quais
pouco se preocupam com os educadores. A categoria precisa ser mais unida e não
participar do intento governamental. Na verdade, ele espera o professor vacilar
para colocar a sociedade contra esse pobre profissional. Conforme já aconteceu
em anos anteriores. Muitos professores bons hoje estão trabalhando em outras
áreas do saber, por não ser valorizado na educação.
Tornou-se
comum caso de desrespeito contra o professor e a educação. Para ilustrar essa
afirmação, em Belo Horizonte um estudante processa a escola e o
professor por tirar notas baixas, alegando danos morais. Segundo o aluno,
passou a noite estudando, portanto, não achou correto o professor ter dado uma
nota baixa. Razões essa que culminou num processo administrativo contra o seu
mestre. Em nenhum momento questionou-se o conhecimento desse aluno. Parece
haver uma inversão de valores. Uma lógica perversa por trás dessa violência e
desrespeito, que vem assolando os profissionais da educação.
O
professor precisa compreender e romper com essa falsa lógica. Rejeitar a
cultura da descrença e construí-la dentro de si, como uma ação política, de
crença e esperança. Perceber que o pensamento cada vez mais está sendo
dispensado pela classe dominada, e sendo assimilado pela classe dominante. O maior
exemplo desse fato é o sistema educacional brasileiro.
O indivíduo que pensa diferente, questiona e duvida, diverge de determinações pré-estabelecidas e optam pela
informação. Torna-se, portanto, um sujeito consciente, muito perigoso para quem
detém o poder.
Há uma
necessidade urgente de mudanças no ensino brasileiro. Discute-se frequentemente
a respeito do processo educativo. Há
aqueles que defendem os alunos, outros tantos o educador. Ainda existem aqueles
favoráveis ao conteúdo. Acredita-se que no centro do processo educativo esteja
um projeto social. A
sociedade brasileira nesse sentido torna-se democrática e cidadã, fundamentada
na igualdade entre os indivíduos e na formação ética pautada no respeito.
Conforme o filósofo francês, Jean
Jacques Rousseau (1712-1778), analisou as razões das desigualdades sociais.
Segundo ele, o ser humano é naturalmente bom, mas ao conviver em sociedade se
corrompe, gerando desigualdade, escravidão e a tirania.
Por outro
lado, o Ministério da Educação é quase que exclusivamente, uma obrigação com a
instrução e muito pouco de educação. Nem o governo nem a igreja tratam
seriamente a questão da educação, no sentido verdadeiro da palavra, educar e
formar cidadãos. O governo interessa-se pela instrução técnica e a igreja
limita-se à simples moralização. No entanto, não se observa avanço em nenhum
dos seguimentos. A instrução e a moralização tornam o homem realmente melhor.
Mas, não educa.
Segundo o
filósofo e educador Humberto Rohden (1893-1981), argumenta no seu livro
“Educação do Homem Integral” instrução torna o homem erudito, meio robotizado,
só serve para si mesmo. A moralização torna o ser humano altruísta. A erudição
e o altruísmo não são ensino verdadeiro. Pois, não passam de condicionamento
psíquico. Altruísmo é uma forma de egoísmo sublimado, aquele que espera
recompensa após a morte. A erudição torna o homem técnico e conteudista. O
homem realmente educado é bom, ele não espera recompensa por ser bom, nem no
presente e mesmo
após a morte.
Portanto,
o governo e a igreja tiveram sua culpa por omissão. Limitaram-se aos fatos, não
se interessaram pelos valores. Estudos revelam sem valores, não há educação.
Verdade, justiça, amor, respeito e honestidade são valores, criação da
consciência crítica, e não simples descoberta da ciência, nem altruísmo moral.
Albert Einstein (1879-1955), argumentava que “o homem de ciência, descobre os
fatos da natureza, mas o homem de consciência realiza valores dentro de si
mesmo”. Contudo, o professor continua refém.