Só ao seres humanos é
dado a possibilidade de dialogar, o que faz do diálogo uma característica
própria e única da natureza humana. Assim como a capacidade de fazer perguntas
objetivas, visando sempre a busca do conhecimento, estabelecendo relações e
comunicando ao outro através da linguagem oral ou escrita. Contudo, o acesso ao
pensamento e a representação das ideias se da no diálogo aberto e franco. No
entanto, o diálogo é a troca de ideias, é formar novas ideias a partir de um novo
conceito.
A nossa capacidade de
se dirigir e de dialogar com o outro, nos torna igual, estabelecendo assim uma
relação, e esse comunicar com o outro através da linguagem nos permite o acesso
ao pensamento e a representação do mundo das ideias. Todavia, o diálogo
pressupõe a reciprocidade existencial e esta pressupõe a diferença e ao mesmo
tempo a semelhança, já que é devido à diferença que podemos enriquecer com a
comunicação. Através do diálogo alargamos os horizontes da exigência do
pensamento, pois para se responder e argumentar as ideias tem de se fazer uso constante
do raciocínio.
Os Diálogos de Platão (427-347 a.C.), nos mostra todo o
processo de elaboração do pensamento, e a dialética não é mais do que a arte de raciocinar ou de dialogar. É discutir as razões das próprias ações, num pensar
diferente. Tendo em vista, que nas objeções de Sócrates (470-399 a.C.), obrigam
o seu interlocutor a procurar uma verdade que este pensava já possuir. Da
opinião a verdade, do particular ao universal, o diálogo é o próprio caminho do
pensar crítico. Tendo em vista, que a filosofia antiga não tem as opiniões como
base, somente os fatos.
Para Platão, o
pensamento é o diálogo da alma consigo mesma. Vou além, penso ser um diálogo
entre as almas e não como afirma o mestre. Como ele dizia: “Só te ama, aquele
que ama a tua alma”. Aqui implica um diálogo entre duas almas, compartilhando
da mesma essência. Por conseguinte, a filosofia contemporânea, assim como a
fenomenologia dão ao diálogo uma importância primordial, porque ele é
constitutivo de um mundo verdadeiramente humano, isto é, de um mundo comum mas
composto de diferenças e diversidades.
Portanto,
para que o diálogo torna viável o entendimento entre as pessoas e casais numa
relação afetiva, o diferencial que marca essa relação são os valores que ambos
acreditam e trazem como experiência de vida. Contudo, se as pessoas pautarem
suas vidas na ética e nos princípios morais, e comungarem esses valores, o
diálogo funciona. Porque o diálogo é racional e os valores estão além da razão.
Os valores estão no terreno da consciência cósmica, na totalidade do ser. É
reconhecer no outro a minha identidade humana. Enfim, o que faz o ser humano realmente
bom é a consciência do seu ser e a
vivência do seu agir. Fora disso
temos um ser humano egoísta e diluído pela indiferença.
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