Saber escutar é uma das mais importantes
ferramentas de comunicação para compreender a circunstância dos fatos que envolvem
as relações humanas. Se na verdade o sonho que nos anima é democrático e
solidário, não é falando com o outro, de cima para baixo, manipulando as
pessoas, distorcendo os fatos, que vamos entender o ponto vista de cada um.
Porém, o não escutar o outro estamos prontamente fechando a questão e
encerrando o assunto, é como se fossemos os portadores da verdade. Aprender
escutar denota prudência e conhecimento, é escutando que aprendemos a respeitar
e falar com o outro na sua totalidade, tocando e estimulando a consciência.
Somente quem escuta paciente e criticamente pode entender o que se passa numa
relação entre pessoas. Saindo desse contexto, tudo mais são especulações e
preconceitos, ou seja, são meras opiniões. Tendo em vista, que a filosofia
antiga não tem as opiniões como base, somente os fatos.
Para citar Sócrates (469-399 a.C.) que era
conhecido como o homem que sabia interrogar, pois, com uma simples frase ele
definiu a razão das suas indagações: “Só
sei que nada sei”. Um dos pontos fundamentais da filosofia socrática era o
autoconhecimento. “Conheça-te a ti mesmo”,
frase inscrita no templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates
aos seus discípulos. Só é capaz de escutar e compreender o outro quem começou a
entender-se a si mesmo. A aceitação do outro supõe o fato de nos ter aceitado a
nós mesmos. Compreender o outro não é uma tarefa fácil, porque indica uma
mudança de perspectiva; não posso compreendo realmente se não compreender a
partir das circunstâncias concretas em que está inserida determinada pessoa. A
troca de papeis é fundamental para uma boa compreensão. Colocar-se no lugar do
outro para entender o que ele busca e sente como ser humano.
A singularidade delimita cada pessoa em sua
forma peculiar de ser, marcando suas possibilidades e limites. Implica não só
na distinção de cada pessoa, mas, na expressão qualitativa de uma pessoa que se
constitui como um ser único, original e irrepetível. Fazemos parte da mesma
essência humanística, gozando por isto do anonimato próprio da espécie. A
singularidade se encarrega de matizar a essência dando-lhe relevo e contorno
próprio, pelos quais nos destacamos do resto dos humanos. Pela essência
pertencemos a essa categoria humana e, pela singularidade é que somos
diferentes e determinados, isto é, cada um é único. Agora só nos falta aprender
a conviver com as diversidades da vida, com o diferente e respeitando cada um
na sua individualidade.
Buscar com objetividade o conhecimento dos
fatos, ou seja, observar o que realmente aconteceu não o que creio ou acho que
tivesse ter acontecido. Esta objetividade considera a consulta de outras
opiniões como fundamental, pois a segurança dogmática nos mostra diariamente, o
quanto equivocamos no julgamento de pessoas e dos fatos que a cercam. A visão
não restrita dos fatos é aceitar que a verdade é algo demasiadamente grande
para ser patrimônio de uma só pessoa.
É triste constatar que atualmente as pessoas
não conversam mais e quando há a possibilidade de diálogos abertos e francos,
as pessoas mais se acusam e se agridem do que conversam. Sentem-se detentoras
da verdade. Contudo, continuam a semear o ódio, a discórdia e a crueldade por
onde passam. Esquecem que quando estamos diante de alguém, desenvolvemos uma
relação amistosa com essa pessoa que poderá culminar num encantamento pela
grandeza interior que ela nos possibilita conhecer. Esquecemos que somos seres
desamparados quando estamos sozinhos. Quando penso muito numa pessoa, é porque ela
está viva no meu coração, pois salvou minha vida da solidão. Agora encontrei
razões para viver. Diz um provérbio chinês, que quando estou encantado ou
apaixonado por alguém, a minha vida pertence a essa pessoa. Pode fazer de mim o
que quiser, meu coração está tomado pelo encanto e magia dessa pessoa. Ela
tornou-se o meu Guru. No entanto, as pessoas não percebem o que estão vendo ou
sentindo, o que está diante dos seus olhos, pois se preocupam demais com o que
não estão vendo.
Bem sabemos que as palavras “te amo”, infinitamente repetidas em
todos os tempos, no mundo inteiro, todo momento tem alguém dizendo ao outro te
amo. As pessoas não dão conta da dimensão espiritual que esse sentimento
alcança. Porém, na maioria dos casos são apenas expressões provisórias e vazias
de qualquer sentimento humano. Esquece que o amor na verdade, é fazer da
própria vida um dom para a felicidade do outro. Porém, o amor que não se traduz
num dom em si, torna-se apropriação indébita da vida alheia. Afirma-se como
realidade oposta, como sublimação do próprio egoísmo que vive e se alimenta com
a exploração dos sentimentos das pessoas.
Portanto, a melhor descrição que encontrei
para esse tipo raro de sentimento ao meu semelhante está na Epístola de São
Paulo aos Coríntios: l, 13: “O amor é paciência, o amor é bondade. Não tem
inveja, não se vangloria, não é orgulhoso. O amor não é rude, não é egoísta,
não se irrita facilmente, não guarda ressentimentos. Não se regozija com o mal,
mas rejubila-se com a verdade. O amor sempre protege. Ele sempre confia, nunca
perde a esperança, sempre persevera. O amor nunca erra”. Enfim, a maior
felicidade do ser humano é ser justo. É um bem tão grande que os que praticam o
mal são considerados psicopatas. Mas quem pratica o amor é iluminado.
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