Sou
da época em que o trem viveu seu auge e fiz muitas viagens por esse meio de
transporte. Hoje guardo boas recordações do lugarejo onde vivi, Rubião Júnior
distrito de Botucatu SP, foi por acaso, há algum tempo, que li um texto
indicado pelo meu filho Eduardo M. Júnior (1977), que também é educador. O
texto comparava a nossa vida como uma viagem de trem. Uma leitura extremamente interessante,
cheia de metáforas que me reportaram ao passado sem excluir o momento presente
em que estou vivendo.
É
isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e
desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis com alguns embarques e
grandes tristezas com outros. Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos
com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos
pais. Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão
órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível. Isso não impede que,
durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser muito importantes e
especiais para nós, embarquem.
Chegam
nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos. Muitas pessoas tomam esse trem, apenas
a passeio, outros encontrarão nessa viagem somente tristeza, ainda outros
circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam
saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando
desocupam seus acentos, ninguém nem sequer percebe.
Curioso
é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em
vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto
separados deles, o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos
com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles. Só que, infelizmente,
jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar.
Não importa, e assim segue a viagem: cheia de atropelos, sonhos, fantasias,
esperas e despedidas. Jamais podemos retornar ao ponto de partida.
Façamos
essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com
todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor,
lembrando sempre que em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente,
precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com
certeza, haverá alguém que nos entenderá. Afinal, o grande mistério da vida é
que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros,
nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.
Fico
pensando se quando descer desse trem sentirei saudades de alguém, acredito que
sim, separar-me de alguns amigos que fiz nessa viagem será, no mínimo, doloroso.
Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos, com certeza será muito
triste, mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação
principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não
tinham quando embarcaram. É o que vai me deixar feliz, que me fará pensar que
colaborei para que eles tenham crescido e se tornados valiosos.
Portanto,
façamos com que a nossa estadia nesse trem seja tranquila, que tenha valido a
pena, e que, quando chegar a hora de desembarcarmos o nosso lugar vazio traga
saudades, assim como boas recordações, para aqueles que prosseguirem a viagem.
Desejo a todos que tenham amigos que mesmo maus e inconsequentes, sejam
corajosos e fiéis, e que em pelo menos num deles possam confiar sem duvidar. O
meu embarque para essa viagem de trem começou em Rubião Junior-SP (Distrito de Botucatu). Desembarquei na
estação de Botucatu-SP, onde conheci uma linda menina que brincava a beira da
linha e acenava para mim, enquanto o trem passava. Depois que a conheci, minha
vida passou por uma profunda renovação e nunca mais viajei sozinho.
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