A
cada novo dia, um novo nascimento para a vida que continua. Não somos um evento
completo, somos uma somatória de acontecimentos, passado e presente. O passado
é história, o futuro um mistério, mas o hoje é uma dádiva, por isso que se
chama presente. Para o psicanalista e sociólogo alemão Erik Fromm (1900-1980),
o nascimento não é um ato e sim um processo. A vida inteira do ser humano, nada
mais é do que nascer, a cada momento para uma nova situação. Na verdade, só
deveremos ter nascido completamente com o advento da morte. No entanto, o homem
é o único animal que pode sentir-se aborrecido ao sentir-se expulso do paraíso.
Ele é o único animal que considera sua existência um problema e precisa ser
resolvido e do qual não pode escapar.
Na
teia da vida somos o resultado do que tecemos no dia a dia, criando armadilhas,
conflitos emocionais, realizações e satisfação pessoal. Para conviver em
harmonia é preciso entrar no mundo do outro e para isso implica em
flexibilidade. Compreendemos a teia da vida como uma conexão cósmica, onde tudo
se entrelaça. A lógica da vida joga conosco, tudo que mandamos para o universo,
um dia volta para nós. Mas se um é a causa do outro, então, por que negamos o
amor? O filho é o resultado cuja causa é o encontro entre os pais. Um dia um
entrou no mundo do outro, sem nenhuma explicação. O escritor francês Antoine de
Saint Exupéry (1900-1944), nos ensina através da sua obra “O Pequeno Príncipe”,
que amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção e
caminhar lado a lado para esta direção.
De
modo que, enquanto não descobrir que flor você é no jardim de Deus, não tem
como ser feliz. Só o amor é capaz de transformar nó em laços, no amor
entrelaçamos um ao outro. Transformar o outro em único para mim entre tantos
outros. No Pequeno Príncipe a raposa disse para o principezinho: “eu não como arroz, eu não gosto de arroz,
mas você tem o cabelo amarelinho, agora cada vez que eu olhar para um arrozal
vou me lembrar de você”. E conclui com uma linda metáfora, que é dos
deuses: “eu amarei o barulho do vento
soprando nos trigais”. Imagina o trigal maduro ondulando com o vento, por
associação de ideias a raposa lembrará dos cabelos loiros do principezinho. As
pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes. Penso que é
loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou. Olha que lição nos da essa
narrativa do Pequeno Príncipe.
Portanto,
descobrir as minhas fraquezas é um sinal de inteligência. Cultivar boas
atitudes é sinal de inteligência. Ser inteligente não é aquele que acha que
pode tudo. Inteligente é o sabe a onde não pode. Sábio é aquele que sabe onde
está sua fraqueza. Somos um ser informado de um corpo e uma alma, duas
substâncias que se fundi. O corpo é o templo da alma. Cultivar atitudes que
transforma é amar sem nada exigir. Amar é quando um ajuda o outro a melhorar de
vida e não quando o coloca para baixo. Quando não gostamos de uma pessoa, tudo
que ela fizer não presta, mesmo que seja bom. Precisamos aprender a ver através
do outro as nossas fraquezas. Com essa semente de compaixão, esse senso de
abertura, essa suavidade e de calor humano, é com isso que vamos nos conectar
na teia da vida. Contudo, quanto mais genuínos somos, quanto mais honestos
somos frente a nós mesmos, e sem pretensões ou maquinações frente aos outros,
mais conscientes nos tornamos de toda a potencialidade que existe ao nosso
redor. Cultivar boas atitudes, é colher amizades sinceras e duradouras.
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