O rosto do mundo interroga o meu ser. Todas as divindades das águas, das florestas, das montanhas, estremecem-me a vida, seja no erotismo dos bailados do alvorecer ou nas cores das preces do acaso. O espetáculo de maravilhas que me penetra a alma tem a musicalidade do silêncio das coisas espirituais. As fotos registradas e eternizadas no tempo, reinventam a santidade das coisas. Muitas vidas, hoje moram dentro de mim. A prova de que fizeram minha carne é que sinto saudade desse amor que revivo nestas fotos.
Minha alma é uma câmara escura abrigando a sensualidade das coisas, filtrando sonhos que se desenham nas paredes alvas do meu ser. Desespera-me não poder mostrar os brilhos e cores de minhas emoções. Faço, então, uma celebração de vidas que fotograficamente eternizamos e que hoje ecoa o sangue do meu espírito. Uma transfusão de êxtases.
Portanto, enquanto os Ipês não florescem, permanecem as fotos que desse amor um dia registramos. Contudo, a vida não consiste em fazer anos, mas viver através de todos os anos a vocação que Deus deu a cada um de nós. Pois da vida nada se leva a não ser a vida que se leva. O tempo não existe quando a gente sabe o que quer da vida. É o mundo que nos interroga.
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