A vida de Bertrand
Russell (1872-1970), filósofo, matemático e lógico inglês, abrange um período
enorme, quase um século, estendendo-se da Inglaterra Vitoriana à era Espacial.
Ele era uma espécie de relíquia vitoriana. Morreu de gripe três meses antes de
completar 98 anos, produzindo conhecimento. Defensor de ideais pacifistas,
humanitário e da liberdade de pensamento, autor do livro: “O Casamento e a
Moral”, argumentava ele que o fator primordial da moral sexual na civilização
ocidental, desde os primórdios do cristianismo, consistiu na garantia da
virtude feminina, indispensável à família patriarcal.
Analisava os fundamentos sociais, econômicos, religiosos e culturais da instituição do casamento. Russell não via razão, por exemplo, para condenar duas pessoas que se amam, apenas porque tiveram relação sexual fora do casamento. Além disso, afirmava para o horror dos moralistas de sua época, que uma aventura extraconjugal não deveria ser motivo de escândalo e ruptura. Tendo em vista, que a chave da compreensão das relações extraconjugais, passa primeiro pela imaginação do objeto desejado que é transformado pelos amantes na idealização da felicidade.
Analisava os fundamentos sociais, econômicos, religiosos e culturais da instituição do casamento. Russell não via razão, por exemplo, para condenar duas pessoas que se amam, apenas porque tiveram relação sexual fora do casamento. Além disso, afirmava para o horror dos moralistas de sua época, que uma aventura extraconjugal não deveria ser motivo de escândalo e ruptura. Tendo em vista, que a chave da compreensão das relações extraconjugais, passa primeiro pela imaginação do objeto desejado que é transformado pelos amantes na idealização da felicidade.
O fascínio que
Russell exerceu sobre o público dependeu de numerosos fatores. Para além da sua
longevidade, há muitas outras facetas que o tornaram único. Grande matemático e
filósofo, apóstolo da paz e discutida figura política que era, Bertrand Russell
alcançou um enorme prestígio mundial. Era o nonagenário que cativava os mais
novos e inspirava os mais velhos; um aristocrata que desprezava a Câmara dos
Lordes e se arriscava a ser preso; um anarquista por temperamento que desafiava
o poder constituído; um ateu que traçou armas contra o dogma religioso e a
moral convencional; um matemático e lógico cujas equações destronaram Euclides;
um filósofo que procurou tornar a filosofia acessível aos leigos; finalmente,
foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1950, cuja a elegância de
estilo, agudeza de ironia e destreza mental remontam a uma época em que se
cultivava a arte de conversar e de escrever cartas.
Entretanto, Bertrand
Russell é considerado um pensador excepcional, particularmente pelas
contribuições que deu à filosofia da matemática. Tem uma vasta obra de cerca de
40 volumes. A sua atividade como filósofo, como homem da ciência e como
político fazem dele uma das figuras mais prestigiadas, admiráveis e discutidas
de todos os tempos. Contudo, encerro essa reflexão
com um delicioso texto de Bertrand Russell. Que é uma verdadeira obra de arte
em prosa. Ofereço a todos que cultivam pelo menos uma das três paixões:
“Três paixões,
simples, mas irresistivelmente fortes, tem governado a minha vida: o desejo
imenso de amar, a busca do conhecimento e uma insuportável compaixão pelo sofrimento
da humanidade.
Essas paixões, como
os fortes ventos, levaram-me de um lado para outro, em caminhos caprichosos,
para além de um profundo oceano de angústias, chegando a beira do verdadeiro
desespero.
Primeiro busquei o
amor, porque ele traz o êxtases tão grande que sacrificaria todo o resto da
minha vida em troca de umas poucas horas desse prazer. Procurei-o também,
porque ele abranda a solidão, aquela terrível solidão na qual uma consciência
em pedaço se paralisa nas margens do mundo, o insondável e frio abismo sem
vida.
Procurei-o
finalmente, porque na união do amor vislumbrei, em mistica miniatura, a suposta
visão do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e,
embora pudesse parecer demasiado bom para a vida humana, foi o que finalmente
encontrei.
Com a mesma
intensidade busquei o conhecimento. Desejei entender o coração dos homens.
Desejei saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender a força
pitagórica pela qual o número se mantem acima do fluxo.
Um pouco disso, não
muito, conquistei. Amor e conhecimento, até onde foram possíveis, conduziram-me
aos caminhos do paraíso. Mas, a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra.
Ecos de gritos e de dor refletiram em meu coração. Crianças famintas, vítimas
torturadas por opressores, velhos desassistidos como um odioso fardo para seus
filhos, e o mundo inteiro de solidão, miséria e sofrimento, transformam em
arremedo o que a vida humana deveria ser.
Portanto, anseio
ardentemente aliviar o mal, mas não posso, e também sofro. Esta tem sido a
minha vida. Achei-a digna de ser vivida, e prazerosamente a viveria outra vez
se uma nova oportunidade me fosse oferecida”.
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