Certa vez
lendo um texto do filósofo e educador Rubem Alves (1933), sobre educação,
descobri que sou professor por vocação e não por profissão. Gosto de dar aula,
primeiro porque gosto de gente e segundo, porque sou amante do conhecimento, do
saber com provas, procuro sempre interagir com os fotos da natureza na sua
totalidade. O conhecimento não tem fronteiras, cada descoberta é uma nova
aventura. Digo sempre que: “quanto mais eu sei, mais eu sei que menos eu sei”.
Ao adentrar a uma sala de aula é sempre instigante e desafiador, tanto para
professor, como para os alunos, é um mundo novo e não sabemos onde isto vai nos
levar. Sabemos que após frequentar uma sala de aula, nunca mais voltaremos a
ser o mesmo. Inicia-se aqui uma nova etapa da vida, a da aprendizagem, a busca
do conhecimento lógico e organizado. Afinal, nós educadores também aprendemos
com os alunos. É na sala de aula que começamos aprender o que é de fato viver e
conviver em comunidade.
Entretanto,
a grande dificuldade é que na maioria dos casos, os professores são pessoas
que, além de não gostar de alunos, tem uma inteligência mediana, porque são
mais técnicos e pouco criativos. Segundo argumenta o filósofo e educador Luiz
Felipe Pondé (1959), que a maioria dos professores quando jovens foram alunos
medíocres por isso que foram estudar ciências humanas porque sempre foi
mais fácil entrar na faculdade nesses cursos, que na verdade, estão preocupados
em formar tecnicistas e burocratas. As faculdades por sua vez, não estão
preocupadas em formar pesquisadores, porque o foco é nos resultados e não na
formação. Albert Einstein (1879-1955) disse: “o homem de ciência, descobre os
fatos da natureza, mas o homem de consciência realiza valores dentro de si
mesmo”.
Hoje o
que encontramos na educação, com muita frequência é professor fracassado que
ganha mal e odeia alunos. Sem falar de professores que normalmente não gostam
de ler e muito menos de estudar, mas criticam os alunos por colar da internet o
trabalho pronto, solicitado pelo mestre. Talvez pela própria incompetência do
professor que não sabe despertar no aluno o gosto pelo estudo ou até mesmo, por
falta de conteúdo do nosso divino mestre. Sem falar da falsa modéstia de alguns
professores que fingi o tempo todo que acreditam na importância da educação e
no seu papel impecável de educador, que o transformou em omisso e bem adaptado
pelo sistema que o apresenta.
Se
levarmos em conta a enorme insegurança à própria capacidade intelectual de cada
professor, teremos o perfil do quanto vai mal a nossa famigerada educação. Tal
insegurança associada principalmente a falta absoluta de originalidade desses
profissionais, que normalmente vem junto a falta de conhecimento da maioria dos
alunos. Isto implica em grande parte o quanto nossos alunos também são
medíocres. Ainda existe aquele profissional da educação que persegue os colegas
professores porque pensam diferente ou porque são melhores do que os demais.
Para o
filósofo e educador Pondé, nada é mais temido por um covarde do que a liberdade
de pensamento. Toda forma de totalitarismo só sobrevive graças às hordas de
inseguros, medíocres e covardes que povoam a educação e o mundo da cultura,
assim como também da arte. Porém, é comum nas escolas tanto nas estaduais, como
municipais e privadas. Todo o começo de cada ano letivo (como final de ano, que
todos vestem branco para a chegada do ano novo) aparece em horda a mediocridade
também vestida de branco, trazendo bonitas e novas teorias pedagógicas que logo
no primeiro semestre morre na praia, apresentando um rendimento insatisfatório
na sala de aula. Normalmente com baixíssimo impacto e pouco ou quase nada a ver
com o contexto educacional e com a realidade dos alunos.
Entretanto,
basta analisarmos as estatísticas, pois as pesquisas estão ai para comprovar a
cada ano a péssima qualidade do ensino no Brasil, através do Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), que mais de um milhão de jovens, com idade entre 12 e 17
anos, não sabem ler e nem escrever. São os chamados analfabetos funcionais, lê
mais não entende o que leu. Consequentemente esse agravante tem como base às
leis que asseguram, através da Constituição Federal, o direito a todos os
cidadãos ao estudo, mas estas leis não são capazes de garantir uma política
educacional eficiente com escola de qualidade para qual o jovem se sinta
atraído.
Todavia,
essas teorias sempre aparecem revestidas de burocracia da produtividade e do
corporativismo. Contudo, a progressão continuada segue seu curso natural, fazendo
de conta que ensina e formando medíocres para continuar a mesma politica
educacional. E o estrago continua, fazendo vitimas e aumentando a miséria. A
suspeita de que a mediocridade reina entre os funcionários da educação e do
intelecto aparece, por exemplo, na obra de dois grandes intelectuais do século
XX. Northrop Frye (1912-1991), que foi um critico literário canadense e Russell
Kirk (1912-1994), filósofo político, critico social e literário, historiador
influente do pensamento conservador americano.
Northrop
Frye, na introdução do seu livro Código dos Códigos, um monumental tratado
sobre a Bíblia, como grande matriz da literatura ocidental, argumenta que a
universidade é tomada por pessoas de personalidades insegura e medíocre que se
escondem atrás de teorias consagradas a fim de garantir seu espaço intelectual
nas instituições do conhecimento. Não apenas as universidades, mas também a
mídia é povoada por pessoas que afirmam o que a maioria quer ouvir, porque isso
garante adesão e reduz riscos e confrontos. O chamado politicamente correto,
segundo o filósofo e educador Pondé.
Por outro
lado, temos o filósofo e historiador Russell Kirk, que faz uma critica dura aos
profissionais da educação. Argumenta ele que “um funcionário como esse teme
antes de tudo a inteligência, por isso age de modo violento quando a percebe,
muitas vezes em nome do coletivo e da burocracia”. “Desconfio de todo mundo que
usa a palavra coletivo numa reunião de professores”, afirma Pondé.
Por
conseguinte, juntando esses dois argumentos, chegamos à mediocridade coletiva
que caracteriza a vida intelectual e acadêmica. Nada há de se esperar da
educação, enquanto permear essa mentalidade tecnicista e impregnada do
politicamente correto. O propósito primário de toda boa educação, é o cultivo
do intelecto e o despertar da imaginação e a criatividade do próprio aluno,
para seu bem estar e de toda comunidade. Não podemos virar as costas e nos
deixar ser esquecidos, nesta era massificada em que o Estado aspira a ser tudo
em tudo. É preciso que se faça eco, mostrando que a educação genuína e
verdadeira é algo além de mero instrumento de plataforma política e cabide de
emprego. Um povo educado é um povo civilizado.
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