Todo ser humano na sua essência busca a harmonia e a paz,
luta para um dia encontrar o amor Eros. Aquele amor do paraíso, dos deuses e
venerado pelos mestres e iluminados. Aquele êxtase que encontramos quando estamos
físico e espiritualmente tomado por esse amor. Mas quando o encontramos não tratamos
com os devidos cuidados que demanda a preservação de algo tão sublime. Não temos
absolutamente nenhuma dificuldade em fugir desse amor mesmo sabendo que dele
necessitamos. Principalmente, quando um conflito ou incompatibilidade de
opiniões floresce entre os eternos apaixonados. Não pensam duas vezes em
duvidar e dar adeus a esse amor. Por outro lado, sentem que esse amor é verdadeiro,
mesmo assim insistem em desistir. É o mesmo que declarar a nossa morte. Negar o
amor é o mesmo que dar as costas para o futuro. Pois o que plantamos hoje será
colhido por nós amanhã.
Na epopéia medieval, encontramos todas as características
daquilo que é relevante no amor sincero. Uma história sublime de amor e de
morte, narra o romance entre Tristão e a rainha Isolda. A narrativa mostra como
eles na sua inteira alegria, mas também tristezas se amaram um ao outro e, como
por fim, morreram nesse amor no mesmo dia. Embora a história de Tristão e
Isolda seja trágica e não como os contos de fadas, onde foram felizes para
sempre, que muitos costumam entender isso como o verdadeiro romance. Nessa
história mitológica nos é mostrado o outro lado da moeda. Predomina um
arrebatamento transbordante pelo amor à vida e pelo êxtase sexual que,
inevitavelmente, conduz à premonição da morte de ambos. Onde o amor impera como
sempre, os apaixonados sentem o prazer e a dor de viverem esse desafio.
O amor é basicamente isso, escolhemos morrer juntos. Fazemos
pactos e levamos a sério o que um diz para o outro. Morremos na certeza de que
nunca mais iremos amar. Separamos mas não desistimos do amor quando ele é
verdadeiro, porque as almas ainda continuam juntas. Embora sejamos pouco
relevantes com o amor quando ele aparece. Pois facilmente o rotulamos de
mentiroso e o desprezamos sem compaixão, demonstrando a nós mesmos o quanto
somos pequenos e mesquinhos, diante da grandeza do amor.
Portanto, os amantes e apaixonados, quando atingem o clímax
do amor romântico, não desejam mais existirem como vida individual, querem
integrar nessa fusão ao todo universal e sentirem juntos o contato com a
divindade. Contudo, quem não quer morrer não ama. Não há amor sem morte. Ambos
sentem vagamente que a desejada fusão dos dois é vedada pela barreira dos
corpos e, que com a morte individual essa barreira desaparece tornando os
corpos extensão um do outro. Ao tocarem a divindade deixam de existir enquanto
matéria, para se transformarem em únicos, num corpo totalmente espiritualizado.
Acaba o medo, o pudor e a vergonha um do outro. Somos duas pessoas numa só
carne, num só corpo unidos pela divindade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário