Começo
citando o filósofo inglês contemporâneo Bertrand Russel, que produziu até o fim
da sua vida aos 91 anos de idade cuja sua preocupação maior foi com os seres
humanos. A insuportável compaixão pelo sofrimento humano. Dizia Russel:”a
compaixão sempre me trouxe de volta a terra. Ecos de gritos de dor refletiram
em meu coração, crianças famintas, vitimas de tortura por opressores, pessoas
idosas desprotegidas, um mundo inteiro de solidão, pobreza e dor transformam em
arremedo o que a vida humana poderia ser”. Vou um pouco mais além do que Russel,
na chamada era da comunicação, ainda temos que conviver com a indiferença dos
filhos. Mais grave ainda, há um fenômeno crescente chamado “Síndrome da Criança
Espancada”.
Há
também outra doença que, para mim é incompreensível: estão espancando os nossos
idosos. Jovens batendo e maltratando pessoas velhas e doentes. Os filhos
agredindo fisicamente pai e mãe que os trouxeram ao mundo e estão
envelhecendo aos poucos. Na sua maioria de desgosto, de sofrer a indiferença dos
próprios filhos. Nos EUA, realizou-se uma entrevista com pessoas na faixa de 65
anos de idade, foram milhares de pessoas entrevistadas. E só 25% dessas pessoas
disseram que estavam felizes. As outras 75% se consideravam vítimas. Afinal, é
esse o sentido da vida? Continuar a viver até ao ponto em que acabaremos
vítimas? Há muita gente andando por ai sem rumo, falando de morte, desespero e
sofrimento. Basta ler os jornais ou ligar a televisão para constatar o que
estou dizendo.
Para
a Filosofia Oriental, compaixão significa paixão por todos. É entender e
compreender a dor do outro. Há uma relação da mente que compreende o sofrimento
do seu próximo, que já não receia mais do final do seu ciclo na terra que é a
morte, tamanho é o sofrimento. Compaixão é o senso de preocupação, mais do que
isso, é a noção clara de que todos os seres têm exatamente o mesmo direito à
felicidade. Essa compreensão é que nos traz a compaixão.
Entretanto,
outro aspecto que costuma ser confundido com compaixão é a sensação de
proximidade, de ligação que temos com amigos e parentes. Mas isso não é
compaixão verdadeira, porque esse sentimento está ligado ao apego. Compaixão
não é apego. Para o budismo apego é sofrimento e dor, aqui não existe nenhum
ato de Amor pelo seu semelhante. A compaixão que se assenta no apego não se
sustenta. A que se baseia na compreensão da igualdade de todos os seres é
desprovido de apego, essa é verdadeira.
Amor,
sofrimento e morte constituem para o ser humano algo que não se pode conhecer,
aquilo que é incognoscível. Entretanto, conhecemos apenas fragmentos dessa
coisa extraordinária chamada vida. Nunca olhamos para o sofrimento, exceto
através do filtro das fugas, como diz os mestres orientais. Só conhecemos o
Amor e a morte através do medo e da tristeza. No entanto, só pode haver
compreensão da vida, do significado e da beleza do Amor que sentimos, caso não
seja correspondido, quando a mente percebe e compreende o sentido da dor e do
sofrimento na vida.
Entretanto,
no momento que se conhece o Amor a pessoa já deixou de amar. O Amor está fora
do tempo, está além, onde tudo é eterno, não tem começo e nem fim. Ele
simplesmente existe, mas a pessoa não sabe que foi tomada por esse estranho
sentimento. Ninguém sabe o que é o Amor, porque só conhecemos as sensações
através dos estímulos. Só nos é dado a conhecer as reações diante desse
sentimento.
A
prática da compaixão também é imensamente benéfica para a saúde. De acordo com
a medicina, os que têm mais compaixão, são mais interessados pelos outros,
geralmente são mais saudáveis quando comparados com pessoas egoístas. Os
egoístas sofrem mais freqüentemente de enfartes e outras doenças. Segundo Dalai
Lama, monge budista argumenta que a mente mais egoísta, mais voltada para si
mesma é muito ruim para a saúde. A mente mais compassiva, mais voltada para o
próximo traz mais tranqüilidade, resultando por isso em saúde muito melhor.
Analisando
a sociedade atual, em que a criminalidade vem crescendo a cada dia que passa
ligada a problemas econômicos e sociais, como a diferença entre ricos e pobres.
No nosso sistema educacional, muita atenção é dada ao desenvolvimento do
intelecto, e pouca ou quase nenhuma atenção é dada ao coração, aos sentimentos,
ao Amor. Pois isso é considerado tarefa da religião. E assim as crianças não
recebem nenhuma orientação sobre como serem mais compassivas, e desenvolver um
coração mais generoso.
Pense
sobre o que o ódio traz para sua vida, para a sua saúde, para as pessoas que
estão à sua volta. Pense sobre a compaixão e o que ela traz. E assim, teremos o
ímpeto de cultivar certos valores, e rejeitar outros. Dessa maneira crescemos a
cada dia, mas se não fazemos nada para reduzir nosso ódio e cultivar a
compaixão tudo ficará como está, e a semente nunca irá germinar.
Portanto,
a compaixão e a bondade são indispensáveis para a vida humana. Sem esses
valores não há felicidade. Mas muitos crêem que a prática de valores como a
compaixão, o perdão e o Amor são relevantes apenas para os que praticam uma
religião. Isso não é verdadeiro. Podemos ver que no passado e presente
existiram pessoas que mesmo sem nenhuma fé religiosa tinham esse sentimento de
cometimento, de responsabilidade, de compaixão pelo próximo. Essas pessoas se
tornaram mais felizes, mais úteis, mais benéficas para a sociedade. Para
Platão, estamos sempre no nível das aparências e não da realidade e com base
nelas fazemos o nosso julgamento. Contudo, buscamos e nos concentramos numa felicidade
passageira, de curto prazo e minimizamos a felicidade permanente de longo
prazo, por conta da nossa ansiedade e imediatismo do mundo moderno e
informatizado. Matamos o Amor em beneficio do Ódio. Com toda a certeza, hoje
somos a espécie mais ameaçada da terra e fadada a extinção.
No dia em que os todos os homens sentirem compaixão,acabam-se as guerras e todo tipo de injustiças. Todos os seres vivos serão respeitados,amados e para sempre felizes....
ResponderExcluirBeijos com carinho !!