Vivemos
uma grande transformação de costumes, são novos paradigmas surgindo como uma
proposta de vida plena. O valor da espiritualidade, do autoconhecimento, do
afeto, a alegria e a liberdade de ser e se exprimir é o que anuncia como
qualidade para o viver bem e com dignidade. Mas, se não temos estudos profundos
e suficientes sobre o próprio envelhecer, se a sexualidade somente nas últimas
décadas deixou de ser negado, então, o que dizer da sexualidade e qualidade de
vida na terceira idade? Muitas vezes nos atemos a costumes para dizer que é
assim mesmo. Entretanto, são tantas as realidades que compõem a verdade que
podemos observar no dia a dia. Pessoas explorando pessoas e as matando de todas
as formas. Desde a indiferença até a morte física.
Por
outro lado, os estudos mais recentes são animadores para essa geração da
terceira idade. Não é necessário envelhecer como estamos fazendo,
evidentemente, considerando naturais as doenças próprias da maturidade e
mudanças fisiológicas que ocorrem em nosso corpo com o passar dos anos. Tendo
em vista, que o mundo ocidental não reconhece o sexo como modo experiencial de
evolução da própria espiritualidade quando afirmamos que é nos braços do ser
amado que encontramos o paraíso, que os beijos dos amantes nos conduzem às
esferas celestiais e que a perda da pessoa amada nos faz conhecer a condição de
alma penada. E para sentir isso não tem idade. A epiderme, ou seja, o contato
com a pele é gostosa em qualquer idade. O corpo humano é um complexo
laboratório de reações química, sem falar do DNA que se une ao outro DNA, em
função de um terceiro DNA. Mas também pode ter como finalidade o crescimento e
a prosperidade no amor que surge dessa união. É bom lembrar, que é o DNA que
escolhe o nosso par. A chamada química. Somos movidos e atraídos por essa
força.
Entretanto,
as vantagens da terceira idade estão no campo afetivo. É na experiência do amor
que ascendemos igualmente ao sublime e ao medonho. E é no sexo amoroso, em
qualquer idade, mas, principalmente na terceira idade que conhecemos a
eternidade, dentro da própria temporalidade. O sabor da vida, o prazer
verdadeiro, o encontro do meu Eu divino no outro, a troca de corações, cada um
se apossa do coração do outro, numa atitude de cuidar e preservar o amor. Como
dizia os antigos: “se você quer ser
feliz, não se case. Se você quer fazer o outro feliz, então se case”.
Na
terceira idade dispensa as preocupações que teria um jovem quanto a sua sexualidade.
Na maturidade o sexo é a própria vivência da alegria e da beleza e o encontro é
na sua totalidade uma grande caricia que envolve o corpo, o psiquismo e a alma.
Neste encontro ambos vivem a certeza do amor pleno. Nesse estagio de
maturidade, passa a pensar com o coração, a fazer sexo amoroso com o corpo todo
e com a mente possuída pela divindade. Pois na plenitude do prazer de se
encontrar, experimentar o paradoxo e o milagre da vida, do nascimento e da
morte. Cada encontro é um renascer. Cada orgasmo é um morrer. Quem sabe a
respeito dessa maturidade, pouco fala, só quer sentir.
Portanto,
é com a experiência e com a maturidade, que passamos do processo jovem da
segunda idade, onde somos criativos e produtivos, para o processo maduro de
introspecção e sabedoria existencial. Com a maturidade também vem à serenidade,
a paciência histórica e o bom humor. Contudo, a relação madura é marcada pela
alegria e felicidade a cada encontro, onde os gestos dizem mais que as
palavras. A experiência sexual amorosa na terceira idade é consciente e madura,
integrada e ao mesmo tempo sensorial e biológica, mental e psicológica, sensual
e espiritual, carregada de generosidade e de muita sabedoria. Estado pleno de
crescimento, que vai do físico ao espiritual. Há um provérbio oriental que diz:
“Se mergulhas e não encontras pérolas no
fundo do rio, não pensem que elas não existem”. Tal é a arte de viver e de
morrer. Que o sexo amoroso e o amor pleno, na maturidade por si só, parecem
saber do poder de cumplicidade que domina.
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