Relacionar-se
significa que estamos sempre começando, sempre tentando nos tornar conhecidos.
A alegria da amizade está na exploração da consciência. Quando investigamos o
outro, fazemos o mesmo conosco. Aprofundando-nos no outro, nos aprofundamos em
nós mesmos. Tornamo-nos espelho para o outro e o amor torna-se meditação.
Quanto mais descobrimos, mais misterioso o outro se torna: “o amor é uma aventura constante”. Pessoas
iluminadas têm mais inimigos do que os não iluminados, pois os cegos não perdoam
quem enxerga e os ignorantes não perdoam quem sabe mais. Ser amigável, amoroso,
autêntico, inocente sem causa é suficiente para disparar muitos egos contra si.
De modo que, relacionar-se é uma das maiores coisas da vida: “é amor compartilhado”.
De
modo que, para amar é preciso transbordar de amor e para compartilhar é preciso
ter o amor. Quem se relaciona respeita e não possui. A liberdade do outro não é
invadida, ele permanece independente. Possuir é destruir todas as
possibilidades de se relacionar. Compreendo o relacionar-se como um processo.
Relacionamento é diferente de relacionar-se: "é completo, fixo, morto”. Antes devemos nos relacionar conosco
mesmos e escutar o coração para a vida ir além do intelecto, da lógica, da
dialética e das discriminações. É bom evitar substantivos e enfatizar os
verbos. Como falei em outra reflexão, a vida é feita de verbos como: “amar, cantar, dançar, relacionar, viver, etc”.
Portanto,
somos um fim em si mesmo. Ninguém existe para ser usado. Quem está no auge da
solidão só se atrai por quem esteja só. Dois solitários olham um para o outro,
mas dois que conheceram a solidão olham para algo mais elevado. Porque a
felicidade simplesmente acontece. Para ser feliz é preciso deixar acontecer. O
caminho do amor deve ser tomado com tremenda consciência e o da consciência,
com tremendo amor. Depois de cada experiência profunda nos sentimos sós e
tristes. Mas, a alegria traz a necessidade de compartilhar. A paixão é muito
pequena diante da compaixão. Contudo, solidão é mover-se para dentro e amor é
mover-se para fora. Ambos os movimentos são enriquecedores e aumenta cada vez
mais o potencial do relacionar-se. Só quem é capaz de ser feliz sozinho, pode
contribuir com a felicidade do outro.
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