“A leitura é o coração da educação”, essa
frase foi dita pelo educador e escritor americano Jim Trelease (1941), que
prega a leitura em voz alta para as crianças como uma forma de incutir-lhes o
amor pela literatura. Por outro lado, quem não conhece o criador do “Menino Maluquinho”, o escritor, cronista
e cartunista Ziraldo Alves Pinto (1932), que afirma: “ler é mais importante que
estudar”. Para esses dois ilustres escritores e amantes da
literatura infanto-juvenil, a leitura em voz alta representa para a criança uma
conversa que a entretém e a tranquiliza ao mesmo tempo em que a informa e
explica alguma coisa da educação, assim como desperta nela a curiosidade, o
desejo de aprender algo sobre a vida. Aprendemos muito mais lendo do que
estudando, porque o estudo demanda concentração e desejo de aprender rápido,
para melhor memorizar as palavras. Ao passo que a leitura para muitas pessoas,
pelo simples prazer de ler, possibilita o entendimento e a clareza dos fatos,
nos colocando no núcleo da realidade vigente. Para Ziraldo, quando se cria o
hábito da leitura se ganha em conhecimento e enriquece o nosso vocabulário.
Entretanto,
esta afirmação pode gerar alguma dúvida aos que cultivam o habito da leitura.
Afinal, estudar não é também ler? De certa forma quem lê não está estudando?
Podemos dizer que sim para ambas as questões, se pensarmos em ler como sinônimo
de aprender, ou seja, como busca do conhecimento. Mas, o sentindo de ler é bem
mais amplo, considerando as varias capacidades leitoras que vão além daquelas
que nos são solicitadas quando estudamos na escola ou na faculdade. Ao
contrário de estudar, ler, não se divorcia da vida, pelo simples fato de nos
levarmos a desejar e experimentar como o escritor, assuntos que nos mobilizam e
nos inquietam. Isto não significa que estudar não seja fundamental. A questão
séria é que muitas vezes nas escolas, enfatizam apenas a capacidade de
entendimento e memorização de conteúdos, infelizmente, acaba por levar o aluno
a um afastamento dos mais diversos materiais escritos.
Se for
verdade o que escreveu Platão (427-347 a.C.), que tudo que está na alma, toca a
alma do outro. Então, como pode um professor que não gosta de ler, passar o
gosto da leitura para seus alunos? Como pode um professor que não gosta de
escrever, passar o gosto da escrita para seus alunos? Como pode uma geração de
professores que não pesquisa, formar alunos pesquisadores? Como pode uma
geração de professores que não tem pensamento crítico, formar senso crítico?
Como pode um professor que não é sensível, formar sensibilidade? Como dizia
Paulo Freire (1921-1997): “Só uma geração
de professores leitores, produzem uma geração de alunos leitores. Só uma geração
de professores escreventes, produz uma geração de alunos escreventes e no meio
deles alguns escritores. E entre esses escritores um ou dois literatos”.
Como
argumenta o filósofo e educador Rubem Alves (1933-2014): “há um tipo de educação que tem por objetivo produzir conhecimentos para
transformar o mundo, interferir no mundo, que é a educação científica e
técnica. Mas há uma educação – e é isso o que chamo realmente de educação –
cujo objetivo não é fazer nenhuma transformação no mundo, e sim transformar as
pessoas”. Sobretudo, por ser a leitura o alimento da alma. Pois, ela torna o
nosso conhecimento mais amplo e diversificado, isto é, saber com objetividade.
Portanto, o exercício da leitura é um mergulho na cultura do conhecimento.
Feliz do educador, que semeia livros e faz o aluno pensar. A leitura torna o
homem completo; a conversação torna-o ágil, e o escrever da lhe precisão. Praticamente
vivo no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfazem em
pó cujo cheiro conserva em minhas mãos. Como argumentava o escritor Monteiro
Lobato (1882-1948): “quem não lê, mal
ouve, mal fala, mal vê”. Sem livros, sem leitura, os nossos jovens serão
incapazes de escrever, inclusive a sua própria história.
Entretanto,
o professor precisa introduzir seus alunos numa experiência divertida com a
leitura e ter o cuidado de não usá-la como castigo ou tarefa por falta de
atenção do aluno. Mostrar para o estudante que sem a leitura não aprende a pensar
criticamente. E quando pensa, não sabe expressar o pensamento de forma lógica e
organizada. Faltam vocabulário e clareza de raciocínio. Por outro lado, é muito
difícil as pessoas comprarem livros. São raras as Instituições Educacionais que
tem uma boa biblioteca, com vasta literatura para pesquisa e que ao mesmo tempo
desperte nos jovens o prazer de ler. A leitura é uma fonte inesgotável de
prazer, mas por incrível que pareça, uma grande quantidade de pessoas, não
sente esta sede. Não seria maravilhoso em nosso país, se as bibliotecas fossem
mais importantes que os presídios?
A leitura
engrandece a alma e torna o mundo mais humano. A leitura de um bom livro é um
diálogo incessante: “o livro fala e a alma
responde”. Com a leitura, adquirimos mais conhecimento e cultura, o que nos
fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara melhor para viver em sociedade.
Os estudos vêm mostrando que o povo brasileiro ainda não descobriu o prazer na
leitura e ocupa o tempo livre, nas redes sociais, vendo televisão, ouvindo
música, descansando e raramente se propõe a ler um livro, jornal ou uma revista
do seu interesse sobre um determinado assunto que o estimule. Quem não tem ou
não cria este hábito fica para trás, porque a leitura leva-nos a investigação,
a buscarmos cada vez mais, porque a partir dela somos sujeito e passamos a
fazer nossas próprias escolhas, através do nosso livre arbítrio. Quanto mais à
criança associar a leitura e a escrita como atividades úteis e que lhe de prazer, maior será o seu desejo de aproximar-se dos textos, maior facilidade
ela terá de aprendizado, porém, só se aprende a ler e escrever, lendo e
escrevendo. Contudo, ler não é matar o tempo, e sim fecundá-lo.
Portanto,
ler é pensar com sabedoria. O sujeito consciente tem como pressuposto básico o
corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder
viver. É ele que dá as ordens. Como argumenta o filósofo e educador Rubem
Alves: “A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver”.
Porém, estar atento significa estar disponível ao espanto. Os gregos diziam que quando a gente se espanta, a inteligência faz a pergunta. Sem espanto não há
ciência, não há criação artística. O espanto é um momento do processo de
pesquisa, de busca. Essa postura de abertura ao espanto é uma exigência
fundamental para o professor criar no aluno o hábito da leitura. Para o
educador Paulo Freire (1921-1997): “O espanto revela a busca do saber”.
Contudo, o ofício de ensinar não é para aventureiros. É para profissionais,
homens e mulheres que, além dos conhecimentos na área dos conteúdos específicos
e da educação, assumem a construção da liberdade e da cidadania. Porque, ler é
estabelecer relações para compreender a realidade e enxergar mais longe.
Gostaria de saber escrever, como não sei repito somente suas palavras....Portanto, ler é pensar com sabedoria. O sujeito consciente tem como pressuposto básico o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. Como argumenta o filósofo e educador Rubem Alves: “A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver”.
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