Estamos vivendo numa
encruzilhada histórica e não damos conta que mais do que nunca o mundo continua
em nossas mãos. Falta mais consciência frente a duas grandes questões que é sem
dúvida alguma: a consciência social e a consciência ecológica. Uma está ligada
a outra, uma não acontece sem a outra. Tendo em vista que elas não são frutos
do acaso. Pelo contrário, essas duas questões são a mais fina flor da
civilização. Desafia as novas gerações, que mal sabem que vivemos essas duas
grandes crises e muito menos conseguem decifrar a sua origem. A educação tem a
tarefa de aprofundar as causas disso. Mas, como, se o governo está acabando com
a educação e com os seus mestres?
Tudo se discute neste mundo,
porém, menos uma coisa não se discute. Não se discute a democracia e ela está
aí, como se fosse uma espécie de santa de quem nós esperamos um milagre. Mas
que está aí como referência a democracia. E ninguém repara que vivemos uma
democracia sequestrada, condicionada e amputada. Porque o poder do cidadão, ou
seja, o poder de cada um de nós limita-se a tirar um governo de que não
gostamos e por outro no lugar, que talvez venhamos a gostar. As grandes
decisões são tomadas numa outra esfera e todos sabem qual é. As grandes
organizações financeiras internacionais como o Fundo Monetário Internacional
(F.M.I.), o Banco Mundial e outras organizações mundial de comercio, nenhum
desses organismos são democráticos. Por conseguinte, como podemos então,
continuar a falar em democracia se aqueles que efetivamente governam o mundo,
não são eleitos como direito democrático pelo povo? Quem é que escolhe os
representantes para governar essas instituições pelo mundo? Onde está então a
democracia?
Entretanto, o futuro parece
nos comprometer se não houver mudanças radicais e significativas da nossa
postura diante dos fatos. O nosso existir por si só já é algo misterioso.
Afinal, quem somos nós? Qual o sentido da nossa existência? O que significa
dizer que somos livres? E até que ponto nós podemos conhecer essa realidade?
Contudo, aqui está a nossa existência em questão. Pois, tais interrogações,
dentre tantas outras, incidem sobre a compreensão que possamos ter das nossas
vidas, como das nossas relações com os outros e afetam a nossa visão do mundo,
se nós pararmos para pensar em desvendar os mistérios da vida e do mundo. Porém,
sem nos acomodarmos, só faz perguntas quem questiona a pretensa obviedade das
coisas. Para tanto, precisamos saber que não sabemos absolutamente nada. Isto
nos põe em condições de aprender um pouco da vida.
Portanto, a crise ensina que
o caminho certo é o da inclusão e do amor. A violência do mundo é fruto de uma
geração que não sabe partilhar e que entende que a melhor defesa é o ataque. A
conseqüência de tudo isto é a morte da liberdade. Reclama-se que as novas
gerações são livres e, por causa disto, descambam para a libertinagem. As novas
gerações apreciam muito a liberdade. Por ela renuncia-se ao bem estar absoluto
e à concentração máxima. Nada é mais divino que a liberdade, mesmo com uma vida
mais simples, sóbria e austera. Liberdade, porém, para todos e em todas as
dimensões. É bom ser livre, mas também é trabalhoso ser livre. Ou todos são
livres ou ninguém é livre. Este é o futuro. O futuro será de quem for capaz de
olhar todos e tudo dentro de uma visão de complexidade. Minha liberdade é muito
importante, desde que ligada com a liberdade do outro. Qualquer projeto de vida
pressupõe o crescimento de todos. A aceitação do pluralismo de ideias, de
filosofias, de religiões, da moral, é uma exigência desta nova encruzilhada
histórica. Livres sim, mas junto com tudo e com todos.