A intolerância é uma
atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade que as pessoas
têm de reconhecer e respeitar as diferenças de crenças e opiniões de cada um.
Alguém pode definir intolerância como uma atitude expressa, negativa ou hostil,
em relação às opiniões de outros, mesmo que nenhuma ação seja tomada para
suprimir tais opiniões divergentes ou calar aqueles que as têm. Tolerância, por
contraste, pode significar “discordar pacificamente”. A emoção é um fator
primário que diferencia intolerância de discordância respeitosa, que pode
indicar preconceito, podendo levar à discriminação de todos os tipos.
A discriminação mata,
mas muito antes de matar fisicamente ela faz infeliz o que se sente pecador,
impossibilita a vida do que é excluído do convívio social, descaracteriza os
que são empurrados para o gueto, cria um verdadeiro inferno para aqueles que
pensam diferentes das normas aceitas. Todavia, a discriminação da munição ao
que quer matar o diferente, aquele que não aceita imposições. Entretanto,
anima-o a desconsiderar os sentimentos do outro e justifica a sua
irracionalidade dizendo que sempre agiu certo e o outro que é o errado, por isso
ele envenena todo o ambiente por onde passa. Contudo, a covardia é mãe da
intolerância. Tudo se faz em nome do amor, até mesmo matar o outro emocional e
fisicamente. Construímos a infelicidade de muitos e deixamos de cultivar os
bons sentimentos, e fazer deles a oficina de um mundo melhor, onde o prazer da
diversidade seja apreciado como expressão do Sorriso de Deus.
Todas as pessoas que
tem certeza do que falam e fazem, na verdade, são intolerantes. Se elas estão
certas sobre suas ideias, por que vão ouvir as outras pessoas? Naturalmente,
quem tem certeza em tudo que fala e faz não se pode dizer aberta a novas
ideias. Por conseguinte, essa pessoa se arma de preconceito e vai ficando cada
vez mais fechada dentro do seu encantado mundinho de certezas. Na verdade,
sempre que surge um conflito entre pessoas ou casais, sempre tem alguém que
acredita estar certo, que nunca errou e sempre manteve um diálogo aberto e
franco, o outro é que faltou com a sinceridade. A culpa sempre recai no outro,
sendo que todos os envolvidos têm tudo a ver com esse conflito. Mas, nesta hora
ninguém assume o veneno que destilou por conta da sua intolerância.
Portanto, o
intolerante só tem a perder, porque afasta as pessoas do seu convívio. Esquece
que para viver feliz é preciso aprender a praticar trocas recíprocas de
generosidade. Receber da natureza e dos mais viventes os alimentos da alma e os
carinhos que nos podem oferecer e oferecendo cada qual de nós também o melhor
para os que partilham conosco a aventura de estar vivos. Como disse o poeta
Vinicius de Moraes (1913-1980): “Quem de dentro de si não sai. Vai morrer sem
amar ninguém”. Vou um pouco mais além. Quando a primavera chega e embeleza os
campos com seu verde fascinante, isto só se da porque cada broto em cada ramo
cumpriu sua tarefa de florescer de novo. A importância do ser humano está nas
grandes revoluções sociais, mas está também nas conversões interiores à vida
digna. Viver com dignidade é saber amar e respeitar o seu próximo.