Os seres humanos caracterizam-se por hábitos
gregários, geneticamente estamos programados para viver em grupos, por uma
necessidade existencial para fins evolutivos. Para muitos, ter uma vida
participativa em cooperação é um estágio a ser alcançado. A grande maioria das
pessoas ainda apresentam enormes dificuldades de conviver com seu semelhante de
forma pacifica. No entanto, a natureza nos da uma série de exemplos de vida em
sociedade organizada e harmônica no seio de animais como as baleias, golfinhos,
cupins, formigas e abelhas.
Entretanto, aliado a essa harmonia natural
está os impulsos instintivos sexuais, responsáveis pelas escolhas amorosas,
porém, é o impulso mais vigoroso da natureza humana. Através desse impulso
instintivo é que nasce o amor, no mais profundo recôndito do nosso inconsciente
onde a razão e a reflexão não têm absolutamente nenhum acesso. Existe uma
relação de magnetismo entre as pessoas, uma atração instintiva e pontual, pela
qual somos tomados por um desejo enorme de prazer em estar com o outro. Se a
família, os filhos e a sociedade em geral negar essa vontade de vida e de
viver, no amor instintivo essa vontade é afirmada perante o casal. Porém, o
amor é a manifestação viva dessa vontade de viver. Todos concordam e ninguém
duvida.
Todavia,
tratamos muito mal as nossas emoções. Damos pouca importância aos sentimentos
nobres como o amor. Desde pequeno somos bem adestrados a não sentir emoções e
negar os desejos instintivos. Essa é a educação que recebemos,
principalmente em nosso ambiente familiar. Quantos problemas de relacionamento
poderiam ser evitados se soubéssemos lidar com as emoções? Principalmente
quando damos importância às fofocas e conversas externas. Não prestamos atenção
aos nossos instintos e emoções, não nos preocupamos com os nossos sentimentos.
Estamos preocupados com o que os nossos algozes estão falando ou pensando a
nosso respeito. A vida é muito curta para vivermos o que os outros pensam ou
falam de nós. E ainda tem gente que perde um tempo enorme em ouvi-los. Deixando
de sentir o seu coração e os seus instintos.
Na
verdade, as pessoas estão acordando para o fato de que a inteligência vai muito
mais além do que só o racional. E que essas emoções representam um aspecto
importantíssimo do potencial humano. Penso que esse assunto deveria estar na
pauta das disciplinas denominadas ciências humanas. Nossas emoções sempre foram
vistas como algo perigoso, que precisa ser reprimido para não atrapalhar a
forma lógica de pensar. A emoção sempre foi considerada o primo pobre da nossa
personalidade. O ideal desejado pela sociedade contraria totalmente as leis
naturais da natureza física, criando pessoas frias como máquinas e
absolutamente racionais. Quando na verdade somos um ser de emoção, de intuição.
O filósofo grego Sócrates (469-399), nos deixou uma frase lapidar: “Conheça-te
a ti mesmo”, que mostra a importância de nos conhecermos realmente
como somos. O conhecimento é tudo na vida.
O
conhecimento, a criatividade, a empatia, a sensibilidade, a plenitude de viver
estão associados à recuperação da capacidade de sentir e expressar as emoções
mais primitivas. É nesta habilidade social que se exige um aprendizado.
Aprender em primeiro lugar a nos conhecer e a partir daí, compreender o outro
na sua dimensão física e espiritual. Estabelecer com o seu próximo, uma relação
de empatia e compaixão.
Aprendemos
a ler e a escrever, mas não aprendemos no que diz respeito as nossas emoções.
Vivemos entre discussões inúteis entre pais e filhos, falta de comunicação ou
má comunicação no ambiente escolar, no trabalho, relacionamentos insatisfatórios,
recheados de intrigas e guerrinhas particulares intermináveis. Ainda há quem acredita
que isso é amor. No entanto, sabemos que muitas doenças psicossomáticas, são
consequências de nossa ignorância emocional, ou seja, do fato de desprezarmos
nossos sentimentos ou de não sabermos expressá-los. Estudos confirmam que 80%
das pessoas que procuram médicos, sofrem de doenças emocionais e 37%, sofrem de
doenças meramente imaginárias, ou seja, acham que realmente estão doentes. Os
chamados hipocondríacos. Esta é só uma pequena amostra do quanto tratamos mal
nossas emoções instintivas.
Portanto,
num envolvimento amoroso, o mais importante é assumir o relacionamento como uma
oportunidade de construção da felicidade, entre duas pessoas que realmente
estão tomadas por esse sentimento. Contudo, é um momento para ser vivido com
pujança e discernimento. Quanto mais receptiva estiver a pessoa para sua
realidade, mais valor dará a esse impulso amoroso. A maneira mais eficaz de
garantir um futuro promissor e a manutenção desse amor é enfrentar com garra,
sem prestar atenção às conversas alheias, que só desgasta e contamina o amor. Cabeça
cheia, coração vazio e vida sem graça, marcada pela angústia. Triste fim, para
quem ama. A boa emoção é aquela que traz o substantivo masculino
amor. Enquanto que a má, traz o substantivo feminino a dor. Ou aprendemos com o
amor ou vamos aprender com a dor.
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