Todos conhecem história da “raposa e as uvas”, da fábula de La
Fantoni. Pessoas vivendo uma situação nada favorável e dizendo que está uma maravilha. A história do "limão doce", chupando limão e dizendo que está uma delicia. Isto acontece diariamente na vida de todos nós. Mas aqui vou me deter somente nas relações afetivas.
Quando a gente encontra alguém que nos olha com encantamento,
admiração, interesse e gosto, desperta em nós espontaneidade e solicita
aproximação. Esse fenômeno tão natural nos seres humanos e tão presente no
nosso dia a dia, seja solteiro ou casado. É só prestar um pouco de atenção para
perceber quantos olhares recebemos e correspondemos diariamente. O que importa
é o sentimento, a vaidade e o gosto pela vida que cada um tem. Por outro lado,
existe uma moral que nos condena. Tudo que sentimos em relação ao sexo, parece
que não pode ser falado. Na verdade a nossa educação recheada de preconceito
consiste principalmente em nos proibir de falar dessas necessidades vitais.
Desta sexualidade que aparece explicitamente em nosso olhar e por todo o nosso
corpo. E o que fazemos? Fingimos o tempo todo.
É tão evidente que o amor vai e volta, mesmo quando se gosta muito
de uma pessoa. Não são todos os dias que gostamos de ficar juntos. Há outros
interesses na vida. Essa situação tem afrouxado os laços matrimoniais. Mas o
que se observa é que as pessoas continuam ai sem se mexer. Talvez por força da
tradição, da educação ou da pressão familiar, querendo mostrar um casamento
ideal que nunca existiu.
Quando a relação a dois começa a esfriar vira uma cadeia fria. Não
há mais interesse um pelo outro e curiosamente os dois percebem isso. Mas não
podem e não querem fazer nada. Preferem ficar ai chupando o limão meio azedo e
meio amargo, dizendo para os amigos que está uma delicia e que agora
sou feliz.
As pessoas esquecem uma coisa importante. Quando estão morrendo
numa situação que não têm sentido para elas, sua primeira obrigação é
reconquistar a sua vida, isto é, seguir os interesses vivos que estão na sua
frente, que lhe interessam. Podem ser uma pessoa, um curso ou um trabalho, como
realização profissional. Ela tem que experimentar, para proteger a sua vida e
continuá-la.
A essência da depressão é uma vida infeliz. Não tem nada do que se
gosta algo que me faça bem, então, arrumo uma doença imaginária. Depressão quer
dizer vida infeliz. A vida perdeu a graça, não tem mais sentido, nem
motivação. O jeito é continuar a chupar o meu limãozinho e mostrando cara de
feliz. Afinal, é isto que a sociedade espera de nós. Não quero dizer aqui que todas os
indivíduos tenham relacionamento extraconjugal de fato. Alguns não têm.
Mas posso afirmar que a maioria das pessoas são de uma cara de pau incrível. Em
público todo mundo condenando, em particular a grande maioria fazendo. Todos
fazem, mas ninguém assume. E quem ainda não fez de verdade, faz na fantasia ou
na imaginação com toda a certeza.
Conforme o dia, todos nós gostaríamos às vezes de ser casado ou
solteiro. Há momentos na vida que temos outros interesses em
jogo. Precisamos de
um tempo para refletir sobre, olhar a situação de fora e sentir se estamos no
caminho certo. Nós somos muito mais caprichosos, irregulares e desonestos do
que dizemos. Um dos enigmas para mim é que a vida real das pessoas não é flor
que se cheira. Quando se fala dos seres humanos, é de uma santidade e
honestidade que eu nunca vi no mundo. Nega-se a maldade e a infidelidade e elas
aparecem por todos os lados.
Se for verdade que eu quero ser solteiro ou casado conforme a
hora, isto quer dizer que nenhum dos dois estados é satisfatório. Devo dizer
que as santas senhoras, maduras, é a própria virtude em pessoa, vão pelo mesmo
caminho. Garanto que num cantinho do seu pensamento está lá seu ator de novela
preferido, um moço bonitão, o coroa charmoso. Só de pensar já implica
infidelidade, pois ela está sentido desejo por alguém. Tudo começa no
pensamento.
As pessoas têm toda aprovação social para esmagar o infiel, o que
traiu. E o pior é que ele reconhece em vez de perguntar: “Você também nunca
pensou em outro? Se é que já não fez”. É comum, a pessoa que “pecou”
– desconheço neste caso, quem nunca pecou. Ainda mais agora com o advento da
internet. Quem não peca?
Portanto, uma vida sem amor é um deserto. Uma vida só de
obrigações ninguém aguenta. São as vidas de obrigações que produzem as doenças
graves. O que se espera da relação a dois é uma coisa completamente absurda.
Promessas de felicidade total, ser fiel a vida inteira. As pessoas aguentam
anos após anos esta situação. Verdadeiros camelos atravessando um deserto. O
estado mais gostoso da vida é quando a gente se encanta com uma pessoa. E nós
vivemos proibindo e negando isso. Até parece que todo mundo tem que ser escravo
e viver infeliz, chorando pela vida toda. Se você é infeliz onde está. Com
certeza, você está fora de lugar. Vá ao encontro da sua felicidade.
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