Segundo
Platão (427-347 a.C.), o amor é a busca da beleza, da elevação em todos os níveis,
o que não exclui a dimensão do corpo, onde habita o prazer. No entanto, será
que essa concepção ainda faz sentido em tempos de exagerado culto ao corpo e à
coisificação do prazer?
Parece
estranho e contraditório falar do amor romântico em uma época desapaixonada,
como esta em que vivemos. Na verdade, esta nossa época carece tanto de
sentimento quanto de razão, pois ela pretende ser apenas a encarnação de um
tempo hedonista, extravagante, dominado pelos sentidos, num mundo de imagens
audiovisuais.
Conforme
Platão nos mostra em seu diálogo, como o amor resgata coisas que a gente perdeu
na vida, nos dando uma nova chance de se redimir. Só o amor faz a pessoa
evoluir espiritualmente. Embora, o amor tenha início na realidade física, deve
alcançar a sua forma universal, não permanecendo prisioneiro da matéria, ou
seja, do puro prazer físico.
Para
Platão só te ama verdadeiramente, aquele que ama a tua alma. No entanto, é
comum confundir o amor platônico com o amor não correspondido ou desprovido de
interesse sexual. Afinal, temos um corpo que reclama pelo prazer de tocar e ser
tocado. Na realidade, o filósofo não exclui o amor carnal, porém, o vê como um
primeiro degrau que pode levar a outros mais elevados. Como por exemplo:
fomentar a pratica do sexo tântrico, cujo objetivo é prolongar o prazer carnal
para atingir o orgasmo espiritual. Esse é o real encontro com a divindade.
O
pai da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939), concluiu que o embate do
indivíduo com a sociedade é irreconciliável, que chamou de: “Mal Estar da
civilização”. A razão que foi construída a partir dos gregos que quer guiar o
mundo e por em convulsão os amantes apaixonados. Sinto que este mundo não tem
governo.
Mas,
não existe outro onde possamos viver, a não ser o mundo da razão ou das ideias
inatas. Pode-se argumentar que a razão, seja ela grega ou moderna, é sempre
repressora: está na sua natureza. Gente querendo ter razão, ao invés de ser
feliz por amar, contudo, estão matando um sentimento que transcende a matéria.