19 de agosto de 2017

UM MUNDO MAL CONHECIDO

Sempre que tenho oportunidade de conversar com pessoas receptivas e simpáticas, pergunto se gostam de ler bons textos, caso a resposta seja afirmativa, ofereço um cartão meu, dando a eles a oportunidade de conhecer o meu “espaço filosófico” que na verdade, é um espaço de leitura. Ao ver o cartão, logo vem à pergunta: “você é filósofo?”. “O que é filosofia?” O leitor ocupado perguntará para que serve a filosofia. Pergunta vergonhosa, que não fazemos ao poeta, para que serve a poesia, essa outra construção imaginativa de um mundo que mal o conhecemos.

De modo que, se a poesia nos revela a beleza que os nossos olhos não educados não consegue ver, e se a filosofia nos da a chave para compreender e perdoar, sendo assim não perguntamos mais. Penso que isso vale todas as riquezas da Terra. A grande questão é que a filosofia não enche a nossa carteira e nem aumenta nossa conta bancária. Não nos ergue às dignidades dos governos, é até bastante descuidosa destas coisas. Mas de que vale engordar a conta bancária e a carteira, subir a altos postos e permanecer na ignorância ingênua, desprovido de espírito e humanismo, brutal na conduta, instável no caráter, caótico nos desejos e cegamente infeliz?

A maturidade é tudo. Talvez que a filosofia nos de, se lhe formos fiéis, uma sadia unidade de alma. Somos negligentes e contraditórios no nosso pensar; talvez ela possa classificar-nos, dar-nos coerência, libertar-nos da fé e dos desejos contraditórios. Da unidade de espírito pode vir a unidade de caráter e propósitos que faz a personalidade e da ordem e dignidade à vida. A filosofia é conhecimento harmônico, criador da vida harmônica; é disciplina que nos leva a serenidade e à liberdade.

Portanto, saber é poder, mas só a sabedoria é liberdade. O sinal de que vamos atingir uma sabedoria maior é a consciência que temos que um dia serenos idosos. Essa é a melhor saída para a nossa vida, prêmio por termos alcançado o topo da hierarquia da existência. É a mais pura filosofia de vida que um ser humano pode alcançar. Contudo, o idoso é um mapa de conhecimento, tem dentro dele muitas estradas principais, muitas vias secundárias e muitos atalhos, muitos becos sem saída, muitas praias, muitos desfiladeiros, muito amor e severas tempestades emocionais.

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