31 de dezembro de 2016

OS ANOS PASSAM E A ESPERANÇA FICA

Naturalmente quando se fala de um amor, tem que levar em conta esse sentimento, afinal, não somos mais aquele garoto, agora somos senhores de respeito onde predomina a razão e a maturidade. Temos que reconhecer a beleza de um “amor maduro”, sem esquecer-se do possível ridículo do que há de visível nisto. E ao expor este amor muitos acham graça dos seus sentimentos juvenis e até duvidam deste. Parece que não tem mais cabimento amar na velhice, mais tem. Esta possibilidade de chegarmos a essa altura da nossa existência, de assumir e brincar com esse prazer que o amor nos propicia é um dom. Mais que isso, assumir o seu tempo, assumir a sua idade, sem medo e vergonha. Na verdade, sempre desconfiei desde garoto que iria ficar velho, que é a melhor coisa da vida, ficar idoso. Com o passar dos anos perde-se em alguns aspectos estéticos e se ganha muito em sabedoria. Portanto, mais um ano de transição só tenho a agradecer o dom da vida, por sentir o amor tocar a minha alma, pela saúde que ainda tenho e pela inteligência que guia os meus passos para além do horizonte.  

Os anos passam e a esperança fica e só tenho a agradecer a Deus e dizer: “Boa noite Pai, já está terminando mais um ano e agradeço pela vida que me confiou. Nesse momento recolho para o meu descanso merecido, e aproveito para pensar sobre tudo o que vivi neste ano de 2016. Após essa noite despontará o alvorecer de um novo dia, que iluminará os nossos caminhos em 2017. De modo que, quero dar um sentido ainda maior para a minha vida neste ano que se inicia. Obrigado Pai por tudo, obrigado pela esperança que neste ano animou os meus passos, pela alegria que senti ao lado de pessoas tão queridas e que hoje fazem parte da minha história. Obrigado pela alegria que vi no rosto das crianças, do fogo da esperança que nelas se acende.

Pai, obrigado pelo exemplo que recebi do meu próximo, pelo que aprendi aos meus sessenta e cinco anos de vida, porque, se não aprende com o amor vai aprender com a dor. Obrigado também por tudo que sofri e ainda sofro por ter compaixão pelas crianças abandonadas e pelos idosos vitimas de todo tipo de violência. Pois ainda tenho esperança em dias melhores para todos. Obrigado Pai pelo dom de amar, mesmo sem ser compreendido. Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa que sopra o meu rosto, pela comida em minha mesa, obrigado por permitir-me viver com saúde todos esses anos, como também pelo meu esforço e desejo de superação, pois quero ser a cada dia mais humano neste projeto de vida. Desculpe Pai o meu rosto carrancudo e agressivo, desculpe ter esquecido que não sou o filho único, mas irmão de muitos. Perdoa a minha falta de colaboração e a ausência do espírito de servir.

Perdoa-me também por não ter evitado aquela lágrima, aquele desgosto que lhe dei quando ignorei os meus irmãos. Perdoa-me por ter ofendido e magoado justamente aquela pessoa que mudou a minha vida e que na sua simplicidade me ensinou que amar é se atirar nos braços da divindade. A partir dos seus ensinamentos experimentei o paraíso, destinado aos deuses e aos iluminados. Desculpa ter aprisionado em mim aquela mensagem de amor. Contudo, estou pedindo força, energia para os meus propósitos, no ano que está se iniciando, a nossa vida continua e só a morte pode cessar. Em quanto isto, espero que neste novo ano que está surgindo, domine um novo sentimento em cada coração, desses seres que compõem a humanidade. E que a cada novo dia seja um continuo sim numa vida consciente.

Portanto, peço a Deus que concedei a serenidade e sabedoria para que possamos viver na plenitude do amor e da paz, pois para quem não sabe o amor e a paz se sustenta sobre esses dois grandes pilares. “Serenidade para aceitar o outro com as suas diferenças, medos e duvidas, procurando compreendê-lo e assim ajudá-lo. Sabedoria para perceber estas diferenças e ansiedades e se possível modificá-las semeando amor e compaixão”. Porque tudo que vive, não vive sozinho, nem para si mesmo. Sozinho é como uma ilha prestes a afundar no abismo do oceano Como sabiamente argumentou o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948): “tudo o que vive é o teu próximo”. Enfim, “ao contrário do destino, o que o amor une nem o tempo separa”. Somente o tempo entende o amor. Um Feliz 2017 a todos.  

30 de dezembro de 2016

A ILHA E SEUS HABITANTES

Gosto de registrar boas histórias, assim como também sou um contador de história. Trago para a nossa reflexão deste final de ano, duas grandes histórias de amor. Porém, são diferentes na perspectiva de cada narrativa, mas, ambas convergem para o mesmo protagonista: “o Amor”. O amor é à base das duas histórias que fundamenta a nossa vida no sentido existencial. Uma conta a história da “Arca do Noé” e a outra conta a história de uma “Ilha e seus habitantes” que estava preste a afundar.

A história sobre a Arca de Noé, as pessoas não entende muito bem essa história, pensa que fala da ira e da fúria de Deus. Como argumenta no documentário o ator americano Morgan Freeman (1937): “as pessoas adoram quando Deus fica zangado. Não imaginam que a história da Arca é uma história de amor, de acreditarem uns nos outros. Sabe por que os animais apareceram em paz? Porque ficaram juntos lado a lado enquanto construía a Arca, assim como Noé e sua família. Todos entraram na Arca lado a lado. Se Deus ordenou que assim fosse como lidamos com isso? Parece uma oportunidade. Deixa lhe fazer uma pergunta: se alguém rezar pedindo paciência achará que Deus dará paciência, ou dará a oportunidade de ser paciente? Se pedirmos coragem Deus nos da coragem ou nos da a oportunidade de sermos corajosos? Se alguém pede que a família seja mais unida, acha que Deus unirá a família com amor e alegria ou da a eles a oportunidade de se amarem?

Nesse sentido, vou dividir com meus leitores a segunda história de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até acho que continuo vivendo, embora não quero acreditar na dor que sinto nesse momento aqui escrevendo. Um dia a nossa Ilha também irá naufragar, e vamos ter que sair para não afundarmos, assim como o fizeram esses habitantes tão ilustres. 

Conta-se uma linda história sobre uma Ilha, que por lá moravam todos os sentimentos: “a alegria, a tristeza, a sabedoria, a serenidade, a coragem e tantos outros. E por fim o Amor”. Mas um dia foi avisado aos moradores que aquela Ilha iria afundar. Todos os sentimentos se apressaram para sair da Ilha. Pegaram seus barcos e partiram, porém o Amor ficou, pois queria permanecer mais um pouco com a Ilha, antes que ela afundasse. O amor tinha um compromisso de fidelidade com a Ilha, por isso permaneceu até o seu ultimo suspiro.

Quando por fim estava quase se afogando, o Amor começou a pedir ajuda. Nesse momento passava a riqueza, em um lindo barco. O Amor disse: Riqueza leva-me com você!  - Não posso, respondeu a riqueza. Há muito ouro no meu barco. Não há lugar para você. Então, ele pediu ajuda a vaidade que também vinha passando: - Vaidade, por favor, me ajude! Não posso te ajudar Amor, disse a vaidade. Você está todo molhado e vai estragar meu barco novo. Então o Amor pediu ajuda à tristeza: Tristeza leve-me com você! Ah! Amor estou tão triste que prefiro ir sozinha!

Também passava por ali alegria, mas ela estava tão alegre que nem viu o Amor chamá-la. Já desesperado, o Amor começou a chorar. Foi quando uma voz o chamou: - Vem Amor eu levo você! Era um velhinho. O Amor ficou tão feliz que se esqueceu de perguntar o nome dele.

Chegando do outro lado da praia, ele perguntou a sabedoria: Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe aqui? A sabedoria respondeu: - Era o tempo. O tempo? Mas, por que só o tempo me trouxe aqui? – Porque somente o “Tempo” é capaz de entender o Amor”.    

28 de dezembro de 2016

A EXPERIÊNCIA DA DOR

É com muita tristeza que notamos que a sociedade perece não conceder ao amor e à paixão o lugar de destaque, em que ocupou por muitos anos esse sentimento. Cito um texto maravilhoso do poeta mexicano Octávio Paz (1914-1998): “Paulatino Crepúsculo da Imagem do Amor nas Sociedades” que fala com clareza e lucidez sobre esse tema, esclarecendo sobre o poder do dinheiro que vem corroendo a liberdade de amar. Permite-se que a liberdade afetiva seja confiscada pelos poderes do capital, do mercado e da publicidade. De modo que, se for verdade que o dinheiro é um elemento importante, ele não tem sido suficiênte para explicar o amor à vida. Como argumenta meu amigo religioso, educador e conêgo Álvaro Augusto Ambiel: “o corpo vem sofrendo a dessacralização e vem sendo utilizado como objeto de consumo”.

O homem vive em sociedade acreditando que o bem é natural, quando na realidade o nosso maior medo é a maldade e a dor que nos causam. De modo que a vida vai sempre de encontro com a tristeza, e quando se possui um momento de felicidade, ele logo acaba o que prova que a felicidade vem a ser apenas um breve remédio para a dor intensa e real, até parece que nada tem sentido se o fim não for à dor. A sociedade é para o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), uma convenção controladora incrível, pois o homem naturalmente é o caos e causador dessa desordem. Já para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925), há três formas do medo afligir as pessoas em nossa sociedade líquida: primeiro; o medo de não conseguir garantir o futuro, de não conseguir trabalhar ou ter qualquer tipo de sustento. Segundo: o medo de não conseguir se fixar na estrutura social, que significa, basicamente, o medo de perder a posição que se ocupa, de cair para posições vulneráveis e por ultimo: o medo em torno da integridade física, como uma doença grave ou sofrer algum tipo de agressão.

Entretanto, a cidade é o lugar do encontro, da mistura, da efervescência, do novo, é o lugar onde tudo e todos se encontram, mesmo sem querer encontrar, é o lugar onde estar com quem não se conhece é um pressuposto, é um termo aceito tacitamente e, por isso, ela é um espaço mixofílico (que tem a virtude de aproximar as pessoas, que faz da mistura um gosto aceitável e aprovável). No entanto, a sujeira precisa ser limpa. É na cidade onde se podem encontrar os resultados da exclusão, da forma mais perversa e covarde.

Todavia, nos grandes centros que encontramos os mendigos, as favelas e seus moradores, todos estes estranhos são seres que provocam o desprezo e a repulsa dos cidadãos ditos “normais”. A mixofobia (a repulsa pelo estranho) é vista materialmente de forma peculiar. Passando pela avenida paulista o maior centro financeiro da cidade de São Paulo e, como é de se esperar, é um antro da exclusão, do comportamento “blasé” e da normatização hegemônica. Em frente aos grandes prédios, além dos vários seguranças que efetivamente estão lá para espantar os excluídos, há a presença de longas barras de ferro cheias de pontas que ficam acopladas em frente às vitrines. Qual o motivo? Para os mendigos não dormir? Isto é uma expressão clara de mixofobia.  

Portanto, o medo do outro não desaparece apenas ao se adquirir distância dele. O mais angustiante e doloroso é perceber que esse outro de quem se tem medo é um concidadão, que convive conosco dentro da mesma gaiola. E o maior problema da mixofobia urbana é que ela institui o não diálogo entre quem se sente atemorizado e quem causa tal temor. Felizmente, a mixofilia, o amor à mistura, é cidadã a priori da cidade. Afinal, não foi por segurança que o homem se aglomerou em cidades? Contudo, para minimizar esta dor, precisamos criar espaços afetivos, através de boas amizades e cultivar o respeito pelo próximo. Consolidar na perspectiva de viver mais o amor à mistura, que à separação. Somos mais cidadãos agrupados no passeio público do que segregado num Alphaville. Um exemplo claro dessa dor é a separação de quem amamos, que inscreve-se entre as mais difíceis de suportar, porque se trata de uma situação em que o prazer perdido é muito grande.

26 de dezembro de 2016

O UNIVERSO VIRARA PÓ

Vivemos todos como se estivéssemos diante de um porta retrato, olhando para a fotografia de um ente querido e ali experimentando uma felicidade vivida e ao mesmo tempo a dor da saudade, que ficou entre a presença e ausência. No triunfo da morte ou de como as razões e desrazões arbitrárias do nosso desejo, fazem com que seja difícil aceitarmos, que não temos mais a presença daquela pessoa que tanto amamos. Como diz a música de Chico Buarque de Holanda (1944): “Ó pedaço de mim! Ó metade adorada de mim! Leva os olhos meus, que a saudade é o pior castigo e eu não quero levar comigo a martalha do amor, adeus”. É comum para muitas pessoas, viver esta experiência da saudade, principalmente, nas comemorações de final de ano, quando as famílias se reúnem. Pois a cada ano que se passa, sempre vai faltar alguém naquela mesa e a saudade deste faz doer na alma.   

Entretanto, na mitologia hindu, a “mãe-terra” queixa-se a Bhama da sobre carga que tem que suportar com o aumento crescente da população no mundo. Bhama então diminui a sua energia criadora e como resultado surge uma mulher de vermelho a que chamou de “morte”. Bhama ordena a morte que retire há seu tempo, todas as pessoas do mundo. A morte se retrai e sofre solitária porque não será compreendida quando tiver que separar os seres que se amam. Bhama transforma as lágrimas da morte em doenças e determina que através delas os seres sejam eliminados. Voltando a parafrasear Chico Buarque sobre o sofrimento com a presença da morte, ele nos mostra que: “a saudade é o revés de um parto. A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”.

Na “Parábola do Grão de Mostarda” da doutrina budista conta que uma mulher, tendo aos braços o filho morto, recorre a Buda e suplica que o faça reviver. Buda na sua imensa sabedoria pede para essa mãe, que consiga em qualquer casa de família, alguns grãos de mostarda que esse devolverá a vida ao seu filho. No entanto, esses grãos terão que ser obtidos numa casa onde nunca morreu ninguém da família. Esta casa não é encontrada pela mãe e ela compreende uma das lições fundamental do budismo: “a de ter que contar sempre com a morte”.

Portanto. é entre o símbolo e o mito, a negação da morte e sua compreensão e aceitação que o homem se equilibra. Mas, vale lembrar, que o homem se equilibra na corda do tempo. E se é da análise deste tempo que se delineia a morte, determinada que está irremovível entre permanência e transitoriedade, o próprio momento contém esta grande tensão humana, pois se existe morte e se existe momento não é natural pensar também na morte do momento? Logo, todo o milagre da vida, todo deslumbrante drama humano em que naturalmente a morte se inclui, seria recriado sempre em todo, em qualquer momento. Um dia vamos virar pó e seremos apenas uma lembrança na memória de alguém.      

25 de dezembro de 2016

REPENSAR O SENTIDO DO NATAL

Qual a reação das pessoas diante de uma das datas mais importante do calendário cristão? Esta resposta que parece simples, mas não é. Se levarmos em conta o contexto social e histórico da humanidade, teremos a resposta. Segundo o sociólogo e padre Francisco Lima Soares, explica que existem aproximadamente sete bilhões de pessoas no mundo, mas apenas 2,9 bilhões celebram o Natal como a festa do nascimento de Jesus Cristo. Para ele o ritual cristão tem dois sentidos: “espiritual e comercial”. Qual o nosso sentido existencial neste mundo coisificado pelos valores materiais. O cristianismo vai nos mostrar que temos sentido quando saímos do mundo sensível para o mundo espiritual ou metafísico. Entender que o nosso ser é mais importante que o ter.

Esta mudança de comportamento no mundo moderno se deve ao alcance científico e tecnológico provocado pelo homem, cujo resultado foi à inversão dos valores de um povo. Esqueceram que dia 25 de dezembro ainda é Natal. O menino Jesus que nasceu nesse dia, a mais de vinte séculos, deve estar preocupado com o mundo em que viveu e, apesar de toda a sua imensa sabedoria não deve entender as razões de tamanhas mudanças. Não deve estar entendendo como podem, as mesmas pessoas no dia do Natal se cumprimentarem de coração aberto, com um sorriso nos lábios e passado os encantos do Natal, estão todos amardos e prontos para destruir o outro. Completamente desprovidos de generosidades, condescendência, bondade e compaixão. Parece que essa história de amor vivida no Natal está acabando e as relações humanas estão se deteriorando. Há uma descrença generalizada.

Construa a sua Arca”, é uma linda “história de amor” contada pelo ator, produtor e diretor de cinema Morgan Freeman (1937), parece uma oportunidade e ele faz a seguinte indagação: “Se alguém rezar pedindo paciência, acha que Deus dará paciência? Ou Deus dará a oportunidade de ser paciente? Se pedirmos coragem, Deus nos da coragem ou nos da à oportunidade de sermos corajosos? Se alguém pede que a família seja mais unida, acha que Deus vai unir a família com amor e alegria? Ou da a eles a oportunidade se amarem?” Nesse sentido, o Natal é uma oportunidade para consolidarmos no amor com o próximo. Com fé e determinação é que vamos continuar neste projeto que começou com Jesus Cristo a mais de dois mil anos.

Jesus Cristo não pode entender porque o Natal funciona apenas como uma trégua, diante de uma imensa desigualdade social, discórdias afetivas e familiares, da guerra que as pessoas travam diariamente contra seu próximo e a si mesmo. Ele que viveu entre nós e é o símbolo da nossa existência, ainda não perdeu a esperança em nós. Ele acredita que a qualquer momento nós iremos perceber que a guerra e o ódio é um grande equívoco. Não podemos pedir a Deus que acabe com as guerras e com a maledicência humana. Para isso Deus mandou o seu filho para nos mostrar que o mundo foi feito de uma maneira que o ser humano possa encontrar seu próprio caminho para o amor e para paz, ao lado do seu semelhante.

Portanto, a mensagem que Jesus nos deixou foi à seguinte: “cumpra o projeto que Deus determinou que é amar sempre, demonstrando gestos de gentileza e respeito pelo outro”. Ser justo e não julgar o outro pelas suas fraquezas. Pensar muito sobre suas ações. Sentir o que realmente sente pela vida, pois somos um ser de luz e de amor. Como dizia Paulo de Tarso: “a inteligência da letra mata o espírito se além dessa letra mortífera não vier o espírito vivificante e o despertar desse espírito não vem pela letra”. Nesse sentido, meditar é mergulhar nesse espírito iluminado. Contudo, o nosso desejo é fazer o possível para que este amor permaneça e assim aperfeiçoamos neste projeto de vida e devolvemos para Deus o dom que nos confiou e estampou em cada um de nós, como a sua imagem e semelhança. Não compreendemos os mistérios do criador e nem suas razões. De modo que vou levar adiante minha missão que é falar de amor e paz. Ainda quero ver um mundo melhor, pautado no respeito e na compaixão. Um Feliz Natal a todos, no verdadeiro sentido da palavra.    

20 de dezembro de 2016

SAUDADE É AMAR UM PASSADO QUE NOS MACHUCA

Há momentos na vida em que sentimos tanta a falta de alguém, que desejamos do fundo da alma tirar esta pessoa do nosso pensamento e colocá-la de pé a nossa frente, só para abraçá-la e dizer: como estou feliz agora. Como é bom viver e sentir saudades de quem compartilhou da nossa história. De modo que possuímos apenas uma única vida e nela temos a chance de fazer aquilo que nos da prazer, principalmente, quando se ama. Muitas vezes as pessoas mais felizes não têm as melhores coisas de que têm direito. Mas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seu caminho. A felicidade aparece para aquele que chora, que se machuca, que busca e tenta sempre, trilhar o caminho do bem. É importante reconhecer as pessoas que passam pelas nossas vidas e deixam lembranças. O maior reconhecimento está no respeito que temos pelo outro e no amor que sentimos por alguém especial. Porém, o futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido, que só trará sucesso quando aprendermos a perdoar os erros e as decepções que guardamos do passado.

A nossa passagem pela vida é rápida demais, mas as lições que podemos deixar nos corações daqueles que amamos é o que vai ficar para sempre como um grande legado da nossa existência. A vida não é para ser vivida como algo descartável, porque um belo dia vamos deixar este mundo e desaparecer. Sabemos que vamos morrer, mas, morremos sem saber. No entanto, pode ser que algumas pessoas, por algum motivo, um dia deixaram de se falar. Mas, enquanto habitarem este mundo há uma grande possibilidade de fazerem as pazes novamente. Aprendi com a experiência que a distância serve para unir as pessoas que se amam verdadeiramente, sendo que a saudade serve para dar a absoluta certeza de que irão ficar unidas para sempre no coração. Alguém sempre vai estar no coração de alguém. Segundo o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), considerado o maior escritor de todos os tempos, certa vez escreveu: “as viagens terminam com o encontro dos apaixonados. Quando tudo está machucando o meu coração e acho que não tenho mais forças para continuar; eis que surge tua doce presença, como o esplendor de um anjo; e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante. Tudo isso acontece porque amo e penso em você”.

Portanto, saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É deitar na cama e lembrar-se das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos fúteis. Depois que passa a raiva, nem lembram porque brigaram. Quando se separam, fica a saudade do dia chuvoso, do café da manhã na cama, daquela viagem inesquecível. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura. Saudade é o amor que não foi embora. É imaginar onde a pessoa amada possa estar ou se ainda gosta daquele vinho. Sentir saudade é a ausência daquela companhia. A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro. Contudo, às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. Já nos transformamos em saudades. Ansiosos para encontrar o olhar da pessoa amada em cada improvável esquina. Sorrimos com os lábios de felicidade, enquanto o nosso coração está sufocado. Mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente. Se hoje sentimos saudades é porque tivemos na vida, momentos de alegria na companhia de pessoas especiais. Enfim, a saudade que agora nos machuca, nada mais é do que uma dívida sendo paga, pelo amor que um dia usufruímos ao lado de quem amamos.  

17 de dezembro de 2016

FRAGILIDADE HUMANA NOS LAÇOS AFETIVOS

O mundo não é humano só por ser feito de seres humanos, nem se torna assim somente porque a voz humana nele ressoa, mas apenas quando nós humanizamos o que se passa no mundo e em nós mesmos. Todavia, é falando dos nossos sentimentos que aprendemos a ser humanos. Por outro lado, essa insegurança afetiva é alimentada pela instabilidade do mercado de trabalho, pelas mudanças constantes do valor atribuído às posições sociais e às competências do passado, pela inconsistência dos compromissos e das parcerias. Porém, é neste contexto, que produz as grandes dificuldades de relacionamento entre os casais, os familiares e as pessoas em geral. Na “modernidade líquida”, descrita pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925), as pessoas se sentem desligadas umas das outras e, assim, desejam conectar-se através do virtual. O que está em jogo é a fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança resultante disso e o dilema entre estreitar os laços afetivos e, ao mesmo tempo, manter uma distância considerada conveniente. O chamado relacionamento de bolso, que podem ser usado de acordo com os interesses de cada um.

No entanto, as pessoas preferem usar o termo conectar-se, em vez de relacionar-se; no lugar de compromisso real preferem falar em redes sociais. Nossa cultura consumista da preferência ao produto pronto para uso imediato, ao prazer intenso e passageiro, à satisfação instantânea. É as chamadas relações líquidas, que vai pelo o ralo. O amor, ao contrário, exige equilíbrio, doação e esforços prolongados. Amor e desejo são irmãos gêmeos, mas não idênticos. O desejo consome, devora e aniquila. O amor preserva, aprisiona e possui, mostrando que um está para o outro. Nos relacionamentos afetivos, o lucro pretendido configura-se em segurança, proximidade, companhia, consolo, ajuda mutua e apoio. Na verdade, o que amamos no outro é a possibilidade de sermos dignos de amor. Considerando que isto seja impraticável, como será possível desenvolver a solidariedade, a justiça e o convívio pacífico que consideramos a única saída para a humanidade?

Entretanto, os programas de TV como o Big Brother é um péssimo exemplo, por trazer a mensagem de que ninguém é indispensável. Os outros devem ser superados e descartados. São antes de qualquer coisa competidores a serem derrotados a qualquer custo. As forças da globalização dissolvem o mundo pessoal e os sujeitos procuram agarrar-se a si mesmo. Tudo isso produz uma luta por sentido e identidade. A produção e reprodução da ordem social e o progresso econômico são as principais causas da seleção, do descarte e da exclusão das pessoas que não se adaptam à nova ordem social. A nudez social e a imaginada comunidade global são fatores com os quais as pessoas se defrontam diariamente e o único consolo diante da realidade sombria da modernidade líquida é a constatação de que a história ainda não terminou e que escolhas ainda podem ser feitas. Precisamos estimular o diálogo e a abertura ao outro, no sentido de aproximar a história do ideal de comunidade humana. Lembrando que nossa vida está apoiada em coisas que não passam como: o amor e a esperança.

Portanto, quando encontrar alguém fazendo coisas diferentes, que você não entende, não o julgue ou comece a dizer que ele está errado, que é um estúpido, um mentiroso, um velho fracassado e vazio. Olhe bem para esse ser humano e diga a você mesmo: “não compreendo muito bem essa pessoa, mas espero que ela esteja trilhando pelo caminho do bem, assim como também, espero estar seguindo o meu caminho na direção certa”. De modo que, viver é consumir-se no “amor” e no “respeito”, dialogar é perder-se no “outro”. Porque, a vida é interpenetração total das “almas” e da nossa “inteligência”. Amar é mergulhar na divindade cósmica. Só os egoístas não dialogam por medo de expor sua fragilidade afetiva. Mal sabem que dialogar é estar um do lado do outro no amor pleno e conviver na sabedoria. Contudo, se quer conquistar um coração tem que ter garra e esperteza, não à esperteza que todos conhecem e sim a esperteza de sentimentos, aquele que temos guardado na alma. Todo coração solitário, dividido ao meio, reclama pela sua outra metade, que por vontade própria, sem que precisemos impor nossa vontade, ela retornará para completar o que nos falta. Agora somos dois numa só carne. Quando isso acontece, valtamos a viver no paraíso até que a morte nos separe.  

14 de dezembro de 2016

AMAR AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO

Embora saibamos que tudo que vive é o nosso próximo, esta máxima de amar ao próximo como a ti mesmo é a coisa mais difícil de acontecer no mundo moderno. Pois andamos tão esquecidos e ultrajados de nós mesmos que nem damos conta da existência de outros em nossas vidas. Somos completamente alienados pelas novas plataformas digitais, compartilhando, escrevendo e falando feito papagaio. E ninguém enxerga ninguém, mas estão todos conectados para receber algumas curtidas e se realizar. Fala-se tanto em superar os pragmatismos da política parasitária, da educação falida, da saúde carente, mas, e o seu papel de cidadão, tem cumprido? Têm aberto os olhos para o que de fato importa? Tem analisado seus comportamentos e condutas diárias? Será que pode mudar alguma coisa na vida de alguém? Será que consegue tornar-se mais humano para os que estão ao seu lado? São muitas questões para pensar. São muitas pessoas que depreciam o valor do pensamento, na realidade, estão perdendo o contato consigo e com o viver plenamente. Estão perdendo a capacidade para experiências emocionais profundas e verdadeiras. Ao invés de ficar alfinetando aqueles pensam.

Com efeito, é possível amar o próximo? É uma das preocupações máxima e fundamentais da vida civilizada. É também o que mais contraria o tipo de razão que a civilização promove: a razão do interesse próprio e da busca da felicidade. O preceito fundador da civilização só pode ser aceito como algo que faz sentido, que seja praticado se nos rendermos a uma teologia cristã de amor ao próximo. É suficiente perguntar por que devo fazer isso? Que benefício me trará? Para sentir o absurdo da exigência de amar o próximo. Se amar alguém, essa pessoa deve ter merecido de alguma forma. Eles o merecem se são tão parecidos comigo de tantas maneiras importantes que neles posso amar a mim mesmo. E se são tão mais perfeito do que eu, logo posso amar neles o ideal daquilo que sou quando amo. Quero amar mesmo sem ser amado. Aprendi que se quiser ser amado, ame primeiro.    

Entretanto, se ele é um estranho para mim e se não pode me atrair por qualquer valor próprio, ou significação que possa ter adquirido para a minha vida emocional, será difícil amá-lo. Amar o próximo como a ti mesmo coloca o amor-próprio como um dado indiscutível, como algo que sempre esteve ali. O amor-próprio é uma questão de sobrevivência, e a sobrevivência não precisa de mandamentos, já que outras criaturas vivem muito bem sem eles. Amar o próximo como se ama a ti mesmo torna a sobrevivência humana diferente daquela de qualquer outra criatura viva. O preceito do amor ao próximo desafia e interpela os instintos estabelecidos pela natureza, mas também o significado da sobrevivência por ela instituído, assim como o do amor-próprio que o protege. O que significa amor-próprio? O que eu amo em mim mesmo? O que eu amo quando amo a mim mesmo? Nós, humanos, compartilhamos os instintos de sobrevivência com nossos primos animais mais próximos. Quando se trata de amor-próprio, nossos caminhos se separam e seguimos por conta própria.

É verdade que o amor-próprio estimula a gente a se agarrar à vida, a tentar a todo custo permanecer vivo, a resistir e enfrentar o que quer que ameace pôr fim à nossa vida de modo prematuro ou abrupto, ou, melhor ainda, a melhorar nosso vigor e aptidão física para tornar efetiva essa resistência. Pois o que amamos em nosso amor-próprio são os eus apropriados para serem amados. O que amamos é o estado, ou a esperança, de sermos amados. De sermos objetos dignos do amor, sermos reconhecidos como tais e recebermos a prova desse reconhecimento. Em suma para termos amor-próprio, precisamos ser amados. A recusa do amor, a negação do status de objeto digno do amor, alimenta a autoaversão. O amor-próprio é construído a partir do amor que nos é oferecido por outros. Se na sua construção forem usados substitutos, eles devem parecer cópias, embora fraudulentas, desse amor. Outros devem nos amar primeiro para que comecemos a amar a nós mesmos.

De modo que o amor-próprio é resultado de sermos amados. Quando a pessoa percebe que sua voz é ouvida, que sua opinião é importante ou que sua presença será sentida, ela entende que é única, especial e digna de amor. Só o outro pode dizer que somos dignos de amor, o que fazemos é reconhecer a existência do amor-próprio, pelo simples fato do outro existir em nossas vidas. Num processo de identificação com aquele que nos ama, também entendemos que nele existe a necessidade de ser amado. Compreendemos a sua singularidade. Amamos quando nosso ego se identifica com o outro e, desta forma, amamos a nós, merecedores de amor, e amamos o outro identificado. Amar ao próximo como a ti mesmo a máxima que funda a moralidade, porque só o instinto de preservação não é suficiente para a sobrevivência das relações humanas. Em uma sociedade de pura incerteza em relação ao outro, o amor nos é negado, assim como é negado à dignidade de ser amado. Não há amor-próprio e não há injunções sociais que prescrevem o amor ao próximo, fazemos dele algo fundamental na vida em sociedade. Amar o próximo não é natural, na verdade é algo contra nossos instintos mais básicos: por isso é o ato fundador da moralidade. Contudo, se para amar ao próximo precisamos cada vez mais de normas pré-estabelecidas pelos códigos penais, então o caminho da sociedade é para autodestruição.

Portanto, um dos primeiros mandamentos de Jesus Cristo é amar o teu próximo como a ti mesmo. As pessoas precisam sentir que são amadas, ouvidas e amparadas. Precisam saber que fazem falta, que são dignas de amor. Isto é algo que só o outro pode nos classificar. Com tantas incertezas, nas quais o amor nos é negado, como teremos amor-próprio? Os amores e as relações humanas de hoje são todos instáveis, e assim não temos certeza do que esperar. Há uma lógica de segregação espacial e social, decorrente da sensibilidade alérgica e febril aos estranhos e ao desconhecido e da incapacidade de aceitar e cuidar do humano, em função da ausência de compromisso com o próximo. O medo instaura-se. Amar o outro como a ti mesmo significa comprometimento, vinculo, querer para o outro aquilo que se tem. Mas boa parte dos indivíduos encarcerados em seus condomínios, preocupados em salvaguardar uma moral decadente, apontando para o outro a falha que é sua. Contudo, existe uma necessidade urgente de se buscar uma humanidade comum para que seja novamente possível unir projetos individuais e ações coletivas, para que se possa ter a consciência da angústia do eterno recomeçar. Enfim, relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada, talvez seja uma descrição poética dessa relação de amor. 

10 de dezembro de 2016

IGNORÂNCIA SE COMBATE COM EDUCAÇÃO

A violência vem do medo. E o medo vem da incompreensão e esta vem da ignorância de muitos. No entanto, a ignorância se combate com educação. De modo que, educação é preparar a pessoa para o futuro. Pena que os governantes pensam que isso é instrumentalizar mão de obra para uma indústria que está se desenvolvendo, instruir para a cidadania de modo que o individuo seja cumpridor de leis. Mas, se só pensarem desse jeito, nós não teremos muito futuro. Corremos o risco de formar uma geração, para viver como nós, sendo este um mundo inviável. Um bom engenheiro, um bom agricultor, o que eles vão fazer? Desmatar mais terrenos ou plantar mais? Sabemos que isto tem impacto no meio ambiente. Temos que produzir mais alimentos, mas, não devemos sacrificar uma fonte vital, como a água e as árvores. O que cabe a nós, educadores, engenheiros e pesquisadores? Encontrar alternativas, para melhor conviver com a natureza.

A começar pelo aspecto sensível e espiritual. Na hora em que o homem constrói uma usina hidrelétrica e cobre um lugar onde estavam as raízes de muitas pessoas, não percebe a angústia que gerou. A tão falada transposição do rio São Francisco, se passasse por outra região, beneficiaria mais gente. Há méritos nisso. Por outro lado, as pessoas que hoje estão perto dele sentirão um vazio quando ele mudar de lugar. Não estamos pensando no impacto desse vazio quando ele mudar a médio e longo prazo, como vai ser a vida desse povo que dele depende. É mais ou menos o que acontece com uma árvore sem raiz. Se bater um vento forte, ela tomba. Assim se da com o individuo que imigrou para fugir da seca, para fugir da violência, para buscar novas oportunidades. O que acontece com ele? Como fica seu passado e sua tradição?

Portanto, a escola básica tem como responsabilidade valorizar a cultura dos pais desses alunos. Estimular a curiosidade da criança, pedindo para ela perguntar aos pais, por exemplo, como era a vida deles quando tinha a idade dela. Como eram as brincadeiras. Dificilmente uma criança vai para casa perguntar uma coisa que só os pais sabem. De modo que os filhos dos engenheiros, dos agricultores, dos educadores e outros profissionais, enfrentam o seguinte problema: a falta de tempo dos pais. Os pais pagam professor particular, compra notebook de ultima geração, mas não estuda com o filho. A comunicação continua interrompida entre as gerações. Ao trabalhar com isso, a escola devolve a dignidade desse futuro cidadão. Quando os pais se tornam detentores de um conhecimento que interessa ao filho, ambos se beneficiam. Isso valoriza a geração mais velha e da às crianças legitimidade para admirar os pais. Vale lembrar, que essa geração mais velha tem algo a nos oferecer e ensinar. E é nisso que se inserem as tradições. E neste contexto o papel da escola é fundamental. Tirar-nos da ignorância, mostrando que o verdadeiro sábio é aquele que sabe que nada sabe. 

3 de dezembro de 2016

EDUCAR PARA PAZ É O CAMINHO

Todo o conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. O conhecimento é uma forma de compreender a verdade, é um apanhado de elementos limitados pela nossa possibilidade de apreender e assimilar. A aprendizagem é uma relação entre o indivíduo e seu meio. É construído a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento, interagindo com ele, sendo as trocas sociais condições necessárias para o desenvolvimento do pensamento. Buscar-se aprender conteúdos, aprofundar julgamentos, metodologias que ajudam o sujeito a desenvolver a habilidade de continuar aprendendo, num procedimento contínuo e simultâneo de questionar-se. A chamada maiêutica socrática. A arte de perguntar.

Devemos procurar desenvolver a consciência de que o ser humano é ao mesmo tempo indivíduo, parte da sociedade e parte da espécie (ética do gênero humano). A condição de “ser humano” relaciona-se ao desenvolvimento das autonomias individuais, das participações em sociedade e do sentimento de pertencer à condição humana. Além do mais, devemos como educadores assumir o compromisso de propiciar momentos para a construção da cidadania planetária, baseada na responsabilidade universal, frente à complexidade do mundo contemporâneo, como exigência de articular a heterogeneidade dos contextos, as subjetividades, as identidades e os saberes. A educação deve ser questionadora, indagando sempre as incertezas ligadas ao conhecimento.

Na sociedade onde a competitividade é o ponto forte, temos que buscar a paz entre os cidadãos. A educação para a paz deve ser basicamente uma meta a ser atingida. A paz converte-se num processo contínuo e acessível em que a cooperação, o recíproco entendimento e a confiança em todos os níveis ajustam as bases das relações interpessoais e intergrupais. Na educação para a paz devemos buscar mudar o modo de sentir, que muda o modo de pensar, que muda o modo de falar, que muda o modo de agir. A cultura da paz baseia-se no diálogo, que visa abrir questões, estabelece relações, compartilha ideias, questiona e aprende, compreende, faz emergir ideias, busca a pluralidade de conceitos.

Por conseguinte, ao incorporarmos a cultura da paz em nosso cotidiano, nos disponibilizamos ao diálogo, a escuta, a tolerância, a generosidade, ao comprometimento, mas, também à consciência do inacabamento, ao reconhecimento de ser condicionado e da dupla existência da verdade. Tendo consciência do processo de inacabamento, constatamos que a educação é uma formação continuada. Contudo, a paz é um processo contínuo e permanente em nossas vidas. Concluo com uma frase do monge budista e líder espiritual tibetano Dalai Lama (1935): “Descobri que o mais alto grau de paz interior decorre da prática do amor e da compaixão. Quanto mais nos importamos com a felicidade de nossos semelhantes, maior o nosso próprio bem-estar. Ao cultivarmos um sentimento profundo e carinhoso pelos outros, passamos automaticamente para um estado de serenidade. Esta é a principal fonte da felicidade”. 

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...