31 de julho de 2013

LIBERDADE E RESPONSABILIDADE

"A liberdade é para o homem o que o céu é para o condor", como diria o poeta brasileiro Castro Alves (1847-1871). A vida é liberdade e, acima de tudo responsabilidade. A minha liberdade tem limites, ela termina onde começa a liberdade do outro. Respeitar o outro na sua individualidade é consolidar o amor que sinto pelo meu próximo. Todo mundo quer ser livre. Por causa da liberdade, quantas discussões nas famílias, nas relações amorosas e na sociedade. O analfabetismo, o desemprego, a fome, as doenças, proveniente do descaso pela educação e justiça. Impedem que a liberdade brilhe no horizonte, como diz o Hino da Independência. Entre nós a liberdade ainda é uma aspiração, uma esperança, que já custou à cabeça de Zumbi (1655-1695) chefe dos Palmares, de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) o Tiradentes e de tantos outros que morreram lutando contra os grilhões da escravidão. Somos cerceados por pessoas do mal que querem destruir o pouco de liberdade que temos. Querem tirar até o nosso direito a dignidade. Afinal, o que é liberdade?

Entretanto, liberdade é, essencialmente, a capacidade de escolha. Onde não existe escolha, não se pode dizer que existe liberdade. Nossa vida é feita de escolhas. Mas as escolhas nem sempre são fáceis e simples. A escolha supõe duas ou mais alternativas. Com uma só opção, não existe escolha nem liberdade. Escolher é optar por uma alternativa e renunciar a outra. Como acontece com o amor, embora não escolhemos a quem amamos. Somos surpreendidos por esse sentimento que brota do nosso inconsciente. Ele não avisa e nem pede licença para tomar conta do meu "ser". É inato aos seres humanos, está no inconsciente coletivo. Por isso somos impulsionados por esse sentimento em função de um terceiro. Que pode ser um filho ou um projeto de vida a dois, com a pessoa que amamos. Afinal, não escolhemos a quem amar. Somos escolhidos por impulsos naturais. São esses impulsos instintivos os responsáveis pela nossa união amorosa e afetiva. A lógica do amor está na afinidade que temos um pelo outro.
      
Segundo o filósofo e epistemólogo francês Georges Gusdorf (1912-2000), nossa liberdade é condicionada, uma liberdade em condição humana, nossa vida se desenvolve entre limites inacessíveis de uma liberdade zero e de uma liberdade infinita. Por mais escravizada que se ache uma pessoa, sempre lhe sobra algum poder de escolha. É evidente que ninguém pode escolher entre nascer e não nascer, nem escolher sua família e muito menos o país em que nasceu. Somos determinados por uma série de fatores que não dependeram e nem dependem de nossa vontade. Por outro lado, abdicar da liberdade é destruir a própria natureza humana, como afirmou o filósofo iluminista e escritor suíço Jean Jacques Rousseau (1712-1778). É a própria liberdade que nos oferece a possibilidade de corrigir o mau uso que se faz dela.

Segundo o Papa Francisco que esteve no Brasil em julho de 2013, para a Jornada Mundial da Juventude nos deixou a seguinte mensagem: “o futuro do mundo está em nossas mãos”. E disse mais: “Esse mundo da feroz idolatria do dinheiro, se concentra muito no centro, e as pontas da sociedade, os extremos, são mal atendidos, não são cuidados e são descartados. Vimos muito claramente como se descartam os idosos. Não servem, não produzem. Os jovens também não produzem muito. É uma ponta em vias de ser descarta. O alto percentual de desemprego entre os jovens na Europa é alarmante. Para sustentar esse modelo político mundial, estamos descartando os extremos: os que são promessa para o futuro e os idosos, que precisam transferir sabedoria para os jovens. Descartando os dois, o mundo desaba”. Isto é, seguindo essa linha de raciocínio descrito pelo Papa Francisco, no meio está a "globalização da Indiferença", ficando na ponta "o jovem" que ainda não ingressou no mercado de trabalho, portanto, não é produtivo. E na outra ponta "o idoso", que já produziu e muito, que ainda pode contribuir com a sua experiência, mas, infelizmente, é jogado e descartado como alguém que não tem cérebro e nem sentimento. É assim que o idoso é tratado em nosso país. Sem falar das crianças e jovens abandonados, mesmo dentro de sua própria casa. Muitas vezes tratados com indiferença pelos familiares.

Por outro lado, é verdade que o nosso corpo também reage de acordo com leis rígidas de causa e efeitos, segundo a nossa natureza. Mas o ser humano é mais que seu corpo. A complexidade humana ultrapassa os determinismos naturais. Nem sempre respondemos da mesma forma aos mesmos estímulos. Disse o escritor russo Dostoievski (1821-1881): “o homem é essa realidade em que dois e dois não são quatro”. Às vezes cometemos deliberadamente o mal para satisfazer um prazer passageiro ou para conseguir algo que não obteríamos por meios lícitos. Nem sempre a razão comanda nossas ações. Agimos também conduzidos por paixão, por impulsos inconscientes, isto é, pela emoção. Erramos mais que acertamos, mas fazemos coisas extraordinárias por amor. Como diz na Bíblia em Colossenses, capítulo três e versículo quatorze: “Que acima de tudo que fazemos, esteja o amor, que é o vinculo da perfeição”. Ora, se tudo que fizermos for com amor, a começar pelos estudos, passando pelo trabalho, até ao lazer, estamos no caminho da perfeição.

Portanto, encerro esta reflexão sobre a liberdade e responsabilidade de maneira inusitada, falando do que penso e sinto sobre a lógica do amor. Tendo em vista, que a perfeição faz do amor a sua moradia. Entretanto, se o amor que sinto é por necessidade eterno, tem que ser contínuo. E se por necessidade esse amor é eterno e contínuo, ele tem que ser singular. E se por necessidade ele é eterno, contínuo e singular, esse amor só pode ser um movimento causado por algo eterno que transcende ao nosso pensamento. Logo, conclui-se que esse amor vem de uma fonte "infinita e perfeita", que não se explica. É verdade, que não escolhemos a quem amamos, mas somos livres para amar a quem de fato amamos.

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...