26 de abril de 2012

ENVOLVER PARA SE DESENVOLVER

Vivemos o tempo todo entre o medo e a raiva. Se não aprendermos urgente a viver de outro modo, poderemos rapidamente acabar com a nossa espécie e, também, com o planeta. Por conhecermos a maravilha que é partilhar a nossa experiência com outra pessoa, quer seja na alegria ou na dor, é nesse momento que a experiência partilhada toma duas ou mais pessoas e as converte em um só pensamento. É através do amor que as pessoas se transformam.

É preciso começar a trocar carícias, ao ponto de proporcionar prazer, a fazer para o outro todas as coisas boas que a gente tem vontade de fazer e não faz, porque "não fica bem" mostrar bons sentimentos. No nosso mundo, explorar o outro pode, é a competição natural da sobrevivência. Mostrar amor é perigoso, pois pode ser manipulado pelo outro, além de ser um mau negócio. O outro vai aproveitar e até explorar, ao ponto de cobrar de você, caso não corresponda às suas expectativas. Chega de negociar com sentimentos e sensações prazerosas da vida. O que podemos negociar são coisas e objetos e não pessoas. O pesquisador B. Skinner mostrou através dos estudos sobre o comportamento humano que só são estáveis os condicionamentos recompensados; aqueles baseados na dor precisam ser reforçados sempre senão desaparecem. Vamos nos reforçar positivamente. É o jeito - o único jeito - de começarmos um novo tipo de convívio social, uma nova estrutura, um mundo melhor.

Freud atrapalhou mostrando o quanto nós nos escondemos de coisas ruins; mas é fácil ver que também escondemos tudo que é bom em nós como a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar - com o outro. Tudo tem que ser sério, respeitável, comedido, fúnebre, chato, restritivo, contido. Há mais pontos sensíveis em nosso corpo do que as estrelas num céu em noite de inverno.

A palavra desejo vem do latim “desiderium”, provém da raiz "siderium", da língua zenda, significando “estrela”, “corpo celeste”, como se vê em sideral, relativo às estrelas. Seguir o desejo é seguir a estrela - estar orientado, saber para onde vai, conhecer a direção. "Gente é para brilhar", diz o mestre Caetano Veloso. O ser humano é por natureza, demonstravelmente, a maior maravilha, o maior playground e a mais complexa máquina neuromecânica do Universo conhecido. Dizem alguns psicanalistas que todos nós sofremos de mania de grandeza, de onipotência. A mim parece que sofremos de mania de pequenez e de egoísmo crônico também. Em vez de admirar, invejamos o outro por não termos coragem de fazer o que a nossa “estrela” determina. Viver com medo é viver pela metade.

O medo, principalmente do outro, que observa atentamente tudo o que fazemos e sempre pronto a criticar, a condenar, a por restrições, porque fazemos diferente dele. Nossa diferença está dizendo a ele que sua mesmice não é necessária. Que ele também pode tentar ser livre, seguindo sua estrela. Que sua prisão não tem paredes de pedra, nem corrente de ferro. Como a de Branca de Neve, sua prisão é de cristal, invisível. Só existe na sua cabeça. Mas é bom que se diga que na sua cabeça também existe a opinião de todos os outros introjetada, criticando e te censurando. Todos contra todos e todos se policiando para impedir o desejo que é de todos. Por que vivemos fazendo isso uns com os outros, vigiando e obrigando a ficar bonzinhos dentro das regrinhas do bem comportado. Penso que sofremos de megalomania porque no palco social obrigamo-nos a serem todos pequenos e pobre de espírito. E ai de quem se sobressai, fazendo de repente o que lhe deu na cabeça. Fogueira para ele. Ou você pensa que a fogueira só existiu na Idade Média? Hoje existe outro tipo de fogueira para eliminar quem faz diferente do trivial.

Portanto, amar o próximo não é mais idealismo "místico" de alguns. Tornou-se uma necessidade no mundo moderno. Ou aprendemos a nos acariciar ou liquidaremos com a nossa espécie mais ou menos depressa. Ou aprendemos a nos tratar bem ou nos destruiremos em pouco tempo. Carícias, a própria palavra é bonita. Carícias, olhar de encantamento descobrindo a Divindade no outro que é o meu espelho. Carícias e Envolvência. A carícia está no olhar, no sorriso, na palavra e principalmente no contato físico. Contudo, quem não se envolve não se desenvolve em ondulações, admiração, felicidade, alegria em nós e na companhia do outro. Eu e o Tu, Eu e os Outros. Nunca se pôde dizer, como hoje: ou nos salvamos todos juntos ou nos danamos todos juntos. 

25 de abril de 2012

SOMOS UM CORPO ESPIRITUALIZADO


Os limites da sexualidade são os limites do corpo. A sexualidade começa em qualquer parte do corpo e não termina vai de um lado para outro. Entra em delírio na cabeça. Arrepia-se na espinha dorsal concentra-se, às vezes, no aparelho genital. Choca-se com a sexualidade dos outros corpos. Emaranha-se e se confunde. Mas se expande. Faz de cada um de nós o que nós somos. Enche o mundo de encanto. Entra pelos labirintos do desejo. Explode nas artimanhas da libido. Realiza-se no prazer.  O outro é a minha extensão.

Portanto, o indivíduo plenamente atuante sabe que esta magia é que dá valor à vida, elimina o tédio e eleva a existência além do espaço e do tempo. É o meu encontro com a Divindade, é o mesmo que estender as mãos com total confiança e tocar Deus na pessoa do outro, pois, cada pessoa é a linguagem de Deus. Somos porta voz do Criador. Contudo, cada pessoa é Imagem e Semelhança de Deus, traz consigo uma centelha Divina.

14 de abril de 2012

TODO SER É IMUTÁVEL NA ESSÊNCIA

Vivemos num mundo moderno onde tudo passa mais ou menos rapidamente. Percebemos a mutação e ao mesmo tempo sentimos que não estamos estáticos. Mudamos o tempo todo e, contudo não acreditamos no Amor eterno. Pois a cada momento somos outro. Essa tese já foi defendida pelo pré-socrático Heráclito, onde tudo flui tudo passa tudo se move sem cessar, a noite torna-se dia, o dia torna-se noite, o úmido seca, o seco umedece. Assim, para Heráclito, a Essência verdadeira está na transformação. Será que Heráclito estava certo?
Para o pré-socrático Parmênides, ao percorrer o caminho em busca da verdade, através da razão vamos perceber que o que é, é e nunca poderá deixar de ser. Todavia, quando se Ama é na Essência que o Amor se faz encarnado, tendo em vista que tudo flui e se transforma, o novo fica velho e morre. Somente o Amor não envelhece por estar numa dimensão espiritual onde só a razão pode tocar.
São dois os caminhos percorridos por Parmênides, primeiro o caminho da verdade, que nos faz conhecer o fato em si, isto é, o movimento pelo qual algo se mostra ao nosso conhecimento plenamente. Um segundo caminho é o da opinião, que é considerado por Parmênides como algo desprezível, como um ponto de vista qualquer, individual e que nunca poderia corresponder à verdade. Muitas pessoas condenam o Amor, exatamente por fincarem o pé nas opiniões, são guiadas pelas aparências. Entretanto, ao escolher o caminho da opinião, a pessoa torna-se refém da mesma, sendo manipulado e tendo o seu pensamento impedido de chegar à verdade.
Através dos sentidos, as pessoas percebem os mais diversos fenômenos naturais, constatam mudanças nas suas relações diárias e nos seres vivos em geral, isto é, testemunham um mundo que está em constante transformação. Segundo Parmênides, entretanto, o que é percebido pelos sentidos não permite que a pessoa conheça realmente a verdade, o Ser verdadeiro e universal. Mesmo ao encontrar um grande Amor, tudo pode se perder principalmente se a pessoa pautar a sua vida nas opiniões e nas especulações de suas fantasias. Contudo, a Filosofia Antiga não tem as opiniões como base, somente os fatos.
Por outro lado, Parmênides afirma que o Ser é imutável e eterno, porque, se sofresse uma transformação qualquer, teria de deixar de ser, isto é, para tornar-se outra coisa. Isto seria impossível, pois nada pode surgir do que não é. Assim como ninguém pode dar Amor se nunca soube o que é Amar. Ninguém pode dar aquilo que não tem e muito menos acreditar que alguém possa lhe Amar.
Entretanto, é uma verdade geralmente aceita pela Filosofia, assim como é incontestável para as ciências humanas que o ser humano tem uma faculdade espiritual. Desde o nascimento até a morte somos únicos na Essência. Apenas a energia vai-se renovando. Desprendemos energia e a recuperamos pela alimentação e respiração. A cada sete anos renovamos totalmente a energia corporal, desde a unha ao fio de cabelo sofrem mutações. O corpo que temos aos sessenta anos é o mesmo que tivemos aos vinte anos e também ao nascermos. Se olhar para uma foto de alguém quando tinha cinco anos de idade, certamente notará a diferença se a pessoa hoje tiver cinquenta anos. Apesar da energia material que o compunha, ter-se muitas vezes renovado totalmente é muito gratificante. Essa pessoa hoje carrega os mesmos condicionamentos, a mesma herança psicofísica, a mesma carga genética, inclusive a mesma cicatriz caso tenha alguma de infância. Com diferente energia material, mas com o mesmo corpo individual. Todo ser vivo sofre mutações sem deixar de ser ele mesmo. Tem pessoas que envelhecem juntas e continuam se Amando, mesmo depois de tantas mudanças corporais.
Por conseguinte, a sabedoria permeia essas duas linhas de raciocínio. De um lado Heráclito com sua teoria de que tudo flui e nada permanece o mesmo. Por outro lado Parmênides afirma que se existe o ser não é concebível a sua não existência. O ser é e nunca vai deixar de ser. Na Essência, desde o nascimento até a morte serei o mesmo Eduardo Morais, o que muda é a nossa energia corporal com o passar dos anos.
Portanto, é possível viver um Amor eterno e com Sabedoria. Há muitos caminhos para se chegar ao Amor Divino, mas um dos mais floridos é o caminho do Amor Humano entre as pessoas que se reconhecem e se respeitam nas suas Essências. Quando duas pessoas comungam o mesmo Amor, identificados num só querer, dois corações que batem no mesmo ritmo, podem se dizer sábios. No entanto, a Sabedoria é a luz do Amor e o Amor é o alimento da Sabedoria. Quanto mais profundo for esse Amor, mais se tornará sábio. Amando verdadeiramente, nos tornamos melhores, e quando estamos melhores é possível dizer que nos tornamos mais sábios e verdadeiros amantes da Essência Humana. É isso que permanece. O nosso corpo envelhece com o passar dos anos, para a Essência o tempo não existe. Enfim, o Amor é o símbolo da nossa própria existência. Vamos compartilhar nesse Amor.     

   
          



UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...